segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Más companhias




O vôo 103 da Pan Am era o terceiro vôo transatlântico entre o aeroporto de Heathrow em Londres e o JFK em Nova Iorque. No dia 21 de dezembro de 1988, a aeronave voando essa rota, um Boeing 747-121 foi destruído por uma bomba, matando todos os 243 passageiros e 16 membros da tripulação. Onze pessoas em Lockerbie, no sul da Escócia, foram mortas quando grande parte da aeronave se destroçou sobre a cidade, elevando o total de casualidades para 270.

No momento da explosão, a força de um tornado destroçou a fuselagem rasgando as roupas dos passageiros e transformando objetos comuns e os carrinhos de refeição em objetos letais. Por causa da diferença de pressão os gases dentro dos corpos dos passageiros expandiram quatro vezes o seu volume total fazendo seus pulmões explodirem. As pessoas e os objetos que não estavam fixos foram arremessados para fora da aeronave num ambiente de 46C negativos numa queda de 9400 m que durou cerca de dois minutos. Alguns passageiros permaneceram presos a fuselagem por seus cintos de segurança, atingindo casas em Lockerbie presos em seus assentos.

Apesar de os passageiros terem perdido a consciência pela falta de oxigênio, especialistas disseram que alguns recuperaram a consciência ao atingir as altitudes mais ricas em oxigênio. O patologista William Eckert, responsável pelo caso, acredita que cerca de 150 passageiros sobreviveram à explosão da bomba e a despressurização da aeronave, e estavam vivos na hora do impacto no chão. Nenhum dos passageiros mostrou sinais da explosão em si. Testes em alguns dos corpos demonstraram que o coração de muitos passageiros continuou a bater depois da explosão, e um dos passageiros no chão foi encontrado apertando um punhado de grama na mão.

Entre as vítimas estavam Joana Walton, poeta, Paul Jefreys baixista da banda Cockney Rebel, voltando da lua de mel com sua esposa. Jonathan White estava voltando de suas férias após de formar pela UCLA.

Trinta e cinco estudantes da Universidade de Siracusa, quatro da Colgate University, quatro da Brown University, e dois da State University of New York estavam a bordo. Havia ainda um estudante do colégio Hampshire voltando de uma viagem de estudos à Nigéria. Dez vítimas eram de Long Island, incluindo John e Sean Mulroy , pai e filho – que estavam voltando de um encontro anual de sua família. Cinco membros de outra família perderam o vôo anterior por que sua filha de três anos teve uma crise de asma, e acabaram embarcando no vôo fatal. A menina foi encontrada intacta, com um vestido vermelho e no bolso uma nota dizia: “Obrigado por fazer nosso vôo tão divertido.”

Depois de três anos de investigação e 15 mil depoimentos, Abdelbaset Ali AL-Megrahi, um funcionário do alto escalão da inteligência Líbia foi o considerado o único culpado, apesar de provas existentes que ele respondia diretamente ao chefe de estado Muammar Al-Gaddafi; e sentenciado a meros 27 anos de prisão, da qual apelou até finalmente ser finalmente preso de fato em 2001. Após servir 8 ½ de prisão, foi solto no mês passado, em 20 de Agosto de 2009 e recebido festivamente com honras de estado pelo ditador Líbio Al-Gaddafi.

Al-Gaddafi é um terrorista confesso. Antes mesmo do atentando ao vôo da Pan Am, ele havia explodido discotecas e embaixadas. Por conta de tratados comerciais envolvendo petróleo, sob o pretexto de se tratar de uma estratégia para desarmar e trazer a Líbia para a comunidade internacional, os governos dos EUA e da Europa perdoaram e se reaproximaram de Al-Gaddafi, a ponto de ele ter participado, na última semana, da reunião do conselho de segurança da ONU. Falou por quase duas horas, de forma inteligível fazendo seu tradutor pedir para ser substituído. Falou sobre a ordem mundial, num discurso entediante e retórico. Grande parte da audiência se retirou antes de seu discurso e à metade dele menos de um terço ainda se encontrava presente. Lula o aplaudiu.

Nos últimos anos assistimos chocados Al-Gaddafi apertar as mãos com presidentes americanos, ingleses e franceses. Em simpatia à dor daqueles que perderam pais, filhos e irmãos no vôo 103, rechaçamos tal atitude dos líderes desses países. Embora houvesse passageiros de 21 países no vôo, nenhum era do Brasil.

Al-Gaddafi então foi para Venezuela, e lá foi mais aplaudido por Cháves, Morales e por Lula.

Lula vem se superando na Venezuela. Com a popularidade recorde dentro e fora do Brasil, Lula está fora de controle e cada vez que abre a boca compromete mais o nosso país ao nos aproximar de demagogos populistas, criminosos e mesmo terroristas.

Minha posição não é ingênua, mas estou farto da retórica quanto aos males que o mundo ocidental civilizado fez ao terceiro mundo. Promover uma nova ordem mundial, e não se aliar com marginais despidos de democratas e ditadores assumidos é o destino de nosso país.

Me parece claro que o plano de Lula a longo prazo é se alinhar aos bolivarianos. Lula tem direito a almejar o que quiser e tem méritos para tanto, desde que respeite a consitituição. O que é preocupante é quando vemos o grupo liderado por Cháves se alinhar com a escória que representam figuras como Al-Gaddafi e Mugabe.

Sem um congresso e um senado digno, nos vemos a mercê de Lula. Seu último ano pode ser trágico para o Brasil como foi a administração Bush para os Estados unidos. Os crescentes gastos públicos são um legado que só em alguns anos nos daremos conta, mas não vou entrar no âmbito econômico agora. Vale dizer que cabe a nós abrirmos os olhos e escutarmos direito nesse último ano de Lula, para que essa tragédia política não tenha continuidade. Para tanto só podemos contar com o poder do voto, afinal, se é imperfeita, ao menos a democracia nos garante essa opção. Reconheço o quão ácido o que eu vou ser agora mas, ou votamos direito ou teremos que contar com o câncer da Dilma.

Como costumam dizer os terroristas de um lado e os militares de outro – seria dano colateral.

Rodrigo Barata

Dados sobre o atentado em Lockerbie: Wikipedia

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A Paixão segundo G.H segundo o NY Times


O deserto Africano de Camus, a barata de Kafka e indigestão de Sartre visitam o brilhante romance filosófico de Clarice Lispector, “A paixão Segundo G.H”. Seria a talentosa Brasileira o elo perdido entre os dois grandes movimentos intelectuais da França moderna, existencialismo e estruturalismo? Isto talvez explique porque, pouco conhecida nos Estados Unidos, ela é levada muito a sério na França. O Existencialismo incita o risco, a escolha, a liberdade alcançada ao se jogar fora papéis sociais aprendidos e categorias de pensamento recebidas. O Estruturalismo, com um foco um pouco diferente, estuda tais categorias de pensamento e as vê inescapavelmente interligadas por estarem embutidas na própria linguagem.

Lispector faz ao mesmo tempo da linguagem meio de aprisionamento e libertação, e seu texto é moldado no estilo de um manual de meditação, um conjunto de exercícios espirituais que levam a ao menos uma relação mais autêntica com o mundo, consigo e com os outros. Ela enraíza a influência francesa profundamente em solos brasileiros. O resultado é um luxuriante e fascinante híbrido.

G.H é a narradora do romance. Nós jamais saberemos seu nome completo porque o princípio de sua identidade é escasso, reduzido, como ela diz, às iniciais em sua bagagem. E ao final de sua estória seu nome é por demais uma parte pequena de sua realidade para ser mencionado. Ela é um tipo que Lispector já trabalhou na memorável coletânea “Laços de Família” , onde mulheres mimadas e protegidas da classe alta Brasileira descobrem que o tédio pode ser o precursor da revelação. G.H é um outro membro dessa classe hedonista, escultora, solteira e sem filhos, que mora em uma cobertura muito acima das barulhentas ruas do Rio.

Uma manhã ela decide limpar o quarto da empregada nos fundos do apartamento. O que ela lá encontra a choca de tal forma que lhe coloca numa busca por autoconhecimento em que se constitui o resto do livro. Cada capítulo a leva mais longe da complacência supra organizada e sentimentalizada de sua vida até então, até quando finalmente, após uma mística comunhão tal barata Kafkiana, ela chega a um novo plano do ser, uma aceitação de si mesmo despida de todos seus atributos anteriores. No decorrer de sua trajetória existencialista ela enriquece a linguagem do movimento com um novo conjunto de termos, relacionados com o paladar.

A tendre indifference du monde de Camus se torna “o gosto de viver. Que é um gosto quase inexistente” – como o do leite materno, ou da hóstia. O cenário desta grande aventura da alma é doméstico e até mesmo claustrofóbico. Tudo acontece no quarto da empregada nos fundos do apartamento. Este, contudo pode ser o ponto. Apenas o choque de se ver através dos olhos da ex-empregada consegue colocar G.H a caminho da liberdade. A astúcia de Lispector ao misturar termos de Sartre com termos Cristãos carrega uma forte mensagem social. Numa relação entre opressor e oprimido nenhum é livre. Lispector expande mais o alcance de seu texto com redes metafóricas. O Egito Ancestral, onde o uso da escrita e uma organização social começaram e floresceram junto, é um leitmotiv nos capítulos iniciais. Com característica ambigüidade fluida, o opressivo Egito se torna um refúgio, uma ilha deserta de sanidade no verde Oasis animado que é o Brasil. A imaginação fértil da autora, seu dom para produzir imagens que nos levam a quase sentir o sabor ou o cheiro das idéias pode ser traduzido, diz Ronald Souza, que traduziu o livro para o inglês. As manobras lingüísticas, os trocadilhos e os jogos gramaticais são de impossível tradução, ele diz.

Fonte: New York Times

Tradução do Artigo: Drigo


"É difícil perder-se. É tão difícil que provavelmente arrumarei depressa um modo de me achar, mesmo que achar-me seja de novo a mentira de que vivo. Se tiver coragem, eu me deixarei continuar perdida. Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo. Perder-se significa ir achando e nem saber o que fazer do que se for achando. Não sei o que fazer da aterradora liberdade que pode me destruir. Mas estou tão pouco preparada para entender. Mas como faço agora? Por que não tenho coragem de apenas achar um meio de entrada? Oh, sei que entrei, sim. Mas assustei-me porque não sei para onde dá essa entrada. E nunca antes eu me havia deixado levar, a menos que soubesse para o quê.

(...)

Mas por que não me deixo guiar pelo que for acontecendo? Terei que correr o sagrado risco do acaso. E substituirei o destino pela probabilidade.

(...)

Perdi alguma coisa que me era essencial, e que já não me é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas as duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar".

Clarice Lispector

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Hand Claps ( it means we like it )


An Horse é um duo indie-pop formado em Brisbane, Austrália, compreendendo Kate Cooper do Iron On nos vocais e guitarra e Damon Cox, do Intercooler na percussão.
Em 2008 eles fizeram um tour pelos EUA abrindo para Tegan and Sara, antes de lançar seu primeiro álbum. No mesmo ano abriram para Death Cab for Cutie na sua turnê Australiana.

Kate e Cooper se conheceram quando trabalhavam numa loja independente de CDs e começaram a fazer música juntos em 2007 e lançaram até hoje apenas um EP chamado Not Really Scared, que foi de certa forma “aclamado’ pela mídia independente.

A faixa Postcards foi usada num comercial da Mercedes em 2008, e eles apareceram no Letterman tocando Camp Out em Março desse ano.

Para quem questiona a legitimidade de uma banda “independente” que aparece num comercial da Mercedes eu sugiro ler o artigo sobre Jimmy Tamborello ( Postal Service ) neste mesmo blog.

O que importa na verdade é escutar a banda, em streaming ( não precisa fazer download ) no site oficial.

www.anhorse.com

Fonte: Wikipedia

Honduras é uma batata quente.


A posição de qualquer nação democrática não deve jamais ser outra senão a de rechaçar golpes de estado. Por isso foi correto o Brasil não reconhecer o governo de facto instalado em Honduras. Fora verdade que Zelaya surpreendentemente tenha aparecido às portas de nossa embaixada em Tegucigalpa, o que é pouco provável, também teria sido correta, do ponto de vista das leis que regem a diplomacia, recebê-lo e zelar por sua integridade assim como de sua família.

E o Brasil deveria parar por aí. A partir de então algumas questões devem ser consideradas:

1) Apesar de corretamente se posicionar contra os métodos antidemocráticos pelos quais Micheletti assumiu o poder, nosso governo também deveria levar em consideração que o próprio Zelaya atentava contra a constituição, mais precisamente contra a cláusula pétrea que não permite a releeição. O cardeal católico Óscar Rodrigues Maradiaga, considerado progressista no seio da Igreja, atual arcebispo de Tegulcigalpa, afirmou que o plano de Zelaya era se perpetuar no poder e instalar uma ditadura nos moldes de Hugo Chávez. Dom Rodríguez Maradiaga foi professor do presidente deposto e tinha estreitos laços de convivência com ele. Ou seja, nosso hóspede não é exatamente um democrata no sentido que o concebemos. Fato é que ele chegou a Honduras num esquema concebido por Hugo Chaves e Daniel Ortega, muito provavelmente com o conhecimento senão corroboração de Lula.

2 ) Zelaya deveria se comportar como hóspede, e não utilizar nossa embaixada como comitê político, ou pior, palanque, como tem feito.

3) Não é a melhor estratégia para um governo que busca uma saída diplomática, que seu presidente suba a tribuna das Nações Unidas e exija o retorno de Zelaya ao poder. Uma coisa é o não reconhecimento de um governo golpista. As declarações de Lula foram mais do que um passo adiante no que diz respeito à intromissão do Brasil em assuntos internos hondurenhos. O presidente a meu ver se colocou a frente do Itamaraty e prejudicou (intencionalmente, creio eu) nossos esforços diplomáticos. A resistência de Micheletti ante a falta de apoio de países distintos como os EUA e a Venezuela prova que Zelaya não é uma unanimidade dentro de seu país.

4) Embora eu não concorde a princípio com a ida de deputados à Honduras – se defendemos uma saída diplomática para a situação que nos metemos ( não nos meteram nessa não ), para isso temos um excelente corpo diplomático. Mas desconfio que a essa altura talvez precisemos do Congresso e talvez do Senado (!) para evitar que nosso presidente instale a bandeira petista em Tegucigalpa.

Lula agora se dá conta do tamanho do problema. Pede então uma reunião com Obama, pois a coisa está saindo do controle e ele não pode transparecer dentro e fora o quanto gostaria de se alinhar com os bolivarianos.

Concluo que de fato o Itamaraty, que foi preservado e respeitado mesmo durante a ditadura, está impregnado pelo petismo, e não age conforme seus princípios e talvez nem mesmo com os princípios diplomáticos mais básicos. Afinal, o primeiro passo ao irmos além de não reconhecer um governo ao ponto de não desejar relações com o mesmo, seria ter fechado a embaixada e reclamado nosso embaixador..

Será interessante ver como sairemos dessa. Os Estados Unidos já deram seu recado que essa batata quente é do Brasil. Eles já têm problemas de sobra e nós, afinal, historicamente reclamamos do unilateralismo Americano, essência do Bushismo. Resta saber se agiremos na prática conforme os princípios que retoricamente defendemos ou repetiremos os erros daqueles que nos confortamos em criticar.


Às vésperas do inicio da corrida pela presidência, pela primeira vez na história recente nossa política externa venha talvez afetar uma eleição.

Por Rodrigo Barata

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Gibbard e Farrar e Kerouak


O líder do Death Cab for Cutie Ben Gibbard e o vocalista do Son Volt Jay Farrar interpretaram o romance de Jack Kerouac Big Sur, de 1962, para seu novo álbum, One Fast Move or I’m Gone. E assim como o conto beatnik sobre alcolismo, depressão e exaustão juvenil, a primeira faixa que vazou na internet, “These Roads Don’t Move” termina em desespero.

Escute a faixa aqui (copy and paste, sorry): http://www.npr.org/templates/player/mediaPlayer.html?action=1&t=1&islist=false&id=113027088&m=113028747

Google redime John Lennon


Usando a ferramenta Google Trends, que compara as palavras mais buscadas no Google, o jornal britânico “Daily Telegraph” fez um teste curioso, confrontando os termos “Beatles” e “Jesus”.

O jornal descobriu que, durante o mês de setembro – com o lançamento do game “The Beatles: Rock band” e da caixa com os discos remasterizados da banda – os Beatles foram mais populares que Jesus, pelo menos nas pesquisas do Google. O quarteto teve quase o dobro de pesquisas do que o messias cristão durante o mês.

A comparação foi motivada por uma frase de John Lennon de 1966, onde ele dizia “não sei p que vai passar primeiro, o rock ou o cristianismo... nós somos mais populares que Jesus no momento”.

A frase enfureceu milhares de fãs cristãos (especialmente nos EUA), que chegaram a fazer reuniões para queimar discos da banda. Lennon chegou a se desculpar mais tarde: “Me desculpem por ter dito isso. Eu não quis que isso parecesse um libelo anti-religioso”, admitiu, na época.

Fonte: G1

Para entender a reunião do G-20




Há um século, Pittsburgh era o lar de uma das maiores concentrações de milionários no planeta. Seus nomes ainda ecoam com autoridade: Carnegie, Mellon, Frick, Westinghouse, Heinz e Schwab.

Nesta semana, os nomes que chegam a Pittsburgh são milionários somente no sentido que a crise global os forçou a financiar, e efetivamente comprar, algumas das maiores instituições financeiras de seus países: Obama, Brown, Sarkozy, Merkel, Hu, Hatoyama e alguns outros.

Sua principal tarefa é mensurar a Nova Grande Recessão, e, com mais barulho do que autoridade talvez, nos garantir que estamos finalmente a superando. Esperem que proclamem estar exercendo vigilância cerrada sobre sistema financeiro a fim de evitar uma nova crise. Nicolas Sarkozy, o presidente Francês, recentemente foi suficientemente cordial ao dizer que “mesmo os Ingleses” reconhecem a necessidade de reforma.

O ceticismo é a ordem do dia, e nada demais se espera que seja formalmente decidido. Mas ao contrario de muitas destas confabulações internacionais, este encontro pode ser importante para que tanto o presidente Obama quanto seus colegas movam a discussão em direção a alguns ajustes necessários na economia global. Uma pequena revisão antes:

Cerca de 40 líderes estão se encontrando na confluência dos rios Monongahela, Allegheny e Ohio sob o auspicioso nome de Grupo dos Vinte – G-20 para abreviar. A primeira coisa a se notar é que os números não coincidem. Esta é uma festa onde os vinte principais organizadores não querem que alguns colegas se sintam mal ou deixados de fora. A lista de convidados cresce continuamente.

Porque Pittsburgh?

O presidente Obama, que escolheu o local, diz que é porque Pittsburgh “se transformou da capital do aço em um centro de inovação tecnológica – incluindo a tecnologia verde, educação, pesquisa e desenvolvimento.”

Poderia também ser que a Pennsylvania seja crucial para as campanhas presidenciais americanas, e seus canais de mídia se estendem até Ohio, entre os estados “importantes” o que mais luta para se recuperar da crise econômica.

Aqui estão as cinco maiores questões a se observar:

1) A administração Obama deixou vazar os contornos de sua proposta para o encontro para aprovar uma agenda de “crescimento sustentável e equilibrado” ao sair da recessão. O que isso significa para os EUA é dizer para a China, Japão, Alemanha e outros grandes exportadores para não esperarem que os Americanos esbanjem seus dólares comprando produtos importados, como fizeram na última década. Até certo ponto essa questão é catalisa o esforço dos Estados Unidos em persuadir a China a se transformar de uma economia voltada à exportação para uma economia voltada ao consumo, para permitir a sua moeda valorizar e não focar tanto em inundar outros países com seus produtos baratos, provocando a ira do congresso e dos sindicatos Americanos. Um segundo aspecto da estratégia de crescimento é que ela sinalizará a intenção dos maiores poderes econômicos em engajar numa “política de fuga” da atual onda de intervenção estatal que objetivou evitar um colapso ainda maior da economia. Mas não se espera muitos detalhes acerca de quando os Estados Unidos irão elevar a taxa de juros, cortar gastos públicos ou reprivatizar o seu sistema bancário.

2) Quanto a China, o comércio será a grande e talvez controversa questão, porque os Chineses ainda estão furiosos com a recente imposição de tarifas, por parte do governo Obama nos pneus Chineses – e a ameaça implícita de que tais tarifas sejam entendidas a outros produtos como o aço, o cimento, alumínio, papel e outros produtos caso a China não permita a desvalorização de sua moeda em relação ao dólar. Obama tem ainda que convencer os poderes econômicos globais que na verdade é a favor do livre comércio ao mesmo tempo em que tem que convencer a indústria americana de que é a favor dos interesses de seu país. Note a pressão sobre ele em Pittsburgh e analise como ele responde.

3) O aquecimento global é uma outra grande questão, à apenas alguns meses da grande conferência das Nações Unidas sobre o assunto em Copenhagen. Os Europeus estão preocupados com a vagarosidade com que os EUA estão legislando sobre o comércio internacional de emissões, enquanto o congresso se dilacera sobre a questão da saúde. Também estão desanimados com o fato que a legislação Americana tende a incluir um pacote protecionista que venha a ajudar os EUA a competir com os produtos Chineses e Indianos, caso esses dois países não assinem o tratado. Os líderes mundiais também têm que tranqüilizar os países pobres que eles irão receber financiamento e assistência por serem economias de “baixa emissão”.

4) Uma brecha profunda se abriu entre os Europeus e os Americanos acerca da regulamentação financeira e será interessante assistir como eles lidarão com essa questão. Os Europeus querem limites restritos na compensação (bônus) dos executivos. A administração Obama está resistindo e diz que o problema é que instituições “grandes demais para falir” precisam ser resgatadas. A solução Obama: regular os montantes mínimos de capital que cada banco deverá que ter em relação ao que deve. Mas a abordagem da administração é vista, mesmo pelo congresso como “morna” ao passo que Wall Street retorna aos seus velhos truques e manobras. Tendo em vista que o mundo culpa os Estados Unidos por começarem a crise, é de se esperar reclamações dos outros participantes.

5) A questão mais sensível a vários participantes, mas não tanto para o cidadão comum, é a futura arquitetura financeira global. Deverá o G-20 se tornar um comitê permanente para a economia do planeta, substituindo o G-8? Deverão ser dadas novas responsabilidades ao Banco Mundial e ao FMI e maior governança a países emergentes como a China, Índia e Brasil? Deverão se reunir com maior ou menor freqüência? Nunca de novo em Pittsburgh? Pode haver alguns sinais de progresso nessas questões e alguma retórica será exercida para agradar os novos entrantes no cenário global. Mas certamente a questão real é se alguns desses grupos jamais terão qualquer poder ou capacidade de fazer algo acerca da economia global, mais do que reajustar os assentos e mesas das instituições financeiras que fracassaram em antever a crise.

Será definitivamente interessante ver Obama mostrar os cenários e os sons de Pittsburgh – que, verdade seja dita, é uma cidade de muitos charmes e muita história. Mas é pouco provável que sirva mais do que uma diversão de três rios da enchente de problemas que o acometem em casa, do sistema de saúde ao Afeganistão à economia. Meu sentimento é que nas questões acima, alguns sinais podem ser enviados para resolver os problemas em fóruns futuros. Por enquanto, os líderes mundiais estão sem dúvida aguardando que Obama finalmente emirja como um líder de estatura real, mais do que um guia turístico de uma cidade de aço com um grande passado e um futuro incerto.

Steven R. Weisman, chefe editorial e membro do Peterson Institute for International Economics, teve vários papéis no New York Times, incluindo correspondente de economia internacional, correspondente de assuntos diplomáticos e correspondente sênior da Casa Branca,

Fonte: The Daily Beast www.thedailybeast.com

Tradução: Rodrigo Barata

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Sobre o Plano





































Sobre o Plano. O Projeto Plano B foi concebido abrangendo uma gama de áreas de atuação, definindo objetivos a serem perseguidos e valores a serem defendidos.

Acima de tudo e essencialmente o Plano B surgiu para atrair e congregar pessoas que, embora diversas entre si, teriam em comum, conscientemente ou não, uma inclinação a valorizar a estética, o respeito à individualidade, e uma conseqüente aversão à cultura massificada e imposta.

Da mesma forma que o Plano B defende que a cultura parte do individuo, procuramos sempre dar espaço para que em nosso ambiente esses indivíduos criassem cultura, uma cultura local espontânea que só pode existir onde a opressão da cultura de massa predominante não a sufocasse.

O Plano B permitiu que se ouvisse o que o outro tinha a dizer, permitiu que boa música criasse empatia entre aqueles aos quais boa música importa. O Plano B se fez confortável porque a cultura que ali se vivenciou é a cultura da tolerância e respeito. E o Plano B fez as pessoas se abraçarem e cantarem juntas álbuns inteiros, em uníssono, em celebração a essa mesma cultura que predominou em suas noites.

Por ser desta forma um local feito para e freqüentado por humanos, no Plano B se errou. Erra-se muito quando se foge ao imposto, quando nos dispomos a criar espaço. Erramos sempre tentando acertar, em parte por defender sempre que antes de ser empresa, somos associação, Porque em casos onde a profissionalização significaria impessoalidade, fomos um pouco mais gente e menos profissionais.

Após dois anos sentimos que fomos de fato, na maioria do tempo, um Plano B para pessoas que gostamos e para tantos novos amigos.

A dificuldade de se manter fiel à cultura alternativa é real tanto em Criciuma quanto em Nova Iorque. Oferecer produtos superiores a preços justos, procurar oferecer atrações de qualidade a preços possíveis sempre foram para nós um compromisso, e um constante desafio.

Por razoes diversas se tornou inviável continuarmos em nosso espaço, e aproveitamos esse momento para revisarmos nossas metas, para traçar novas estratégias que nos permitam atuar em áreas que fazem parte do projeto original.

Porque Criciuma precisa de espaço para que a cultura alternativa respire, para que as pessoas que gostamos e com as quais compartilhamos tanto possam estar juntas, e porque há tanto o que se defender numa cidade acostumada ao banal, e para que a opressão do cotidiano não tenha voz aos nossos ouvidos, o Plano B não acabou.

O Plano B não é seus criadores, seus administradores, e sequer é um prédio, uma casa. O Plano B é a disposição de pessoas em repudiar a mediocridade. Enquanto houver em nossa cidade a voz dissonante que se ouviu na Cônego Aníbal nestes dois anos, haverá a necessidade de um Plano B.

Por isso superaremos nossas dificuldades, revisaremos nossas estratégias, aprimoraremos nossos processos e mais cedo do que logo estaremos de volta, renovados, descansados mas não menos comprometidos a ser o Plano B de Criciuma.

Plano B. Loucura né.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Growing Pains ( Not Holden Cauldield's)



Numa época em que a retórica sobre a importância da família nuclear e a proteção da infância são tópicos quentes, esse memoir vem como uma lembrança gélida de quão complexas e surpreendentes são as relações familiares. Escrevendo em estilo honesto e claro, Fleming detalha os severos traumas de sua adolescência relacionados ao divórcio de seus pais no subúrbio de Chicago em 1971. Depois de sua mãe ser recorrentemente internada por depressão para depois se assumir lésbica, o pai de Fleming exigiu legalmente sua custódia. Dilacerado pelas brigas de seus pais, alegadamente abusado por seu pai e sua madrasta e sofrendo de acne aguda, Fleming foge de casa. Depois de ser encontrado, seu pai lhe interna numa instituição mental e dá procuração legal sob o garoto para o diretor do “hospital”. Lá, Fleming conhece e se apaixona por Laura, uma outra paciente. Depois de um ano e meio, sua mãe finalmente lhe ajuda a escapar e o manda para viver com seu tio, o escritor gay Edmund White, em Nova Iorque. Sob o amor e a atenção incondicional de White, Fleming pôde se construir e florescer artisticamente, e neste ponto o livro se torna profundamente absorvente. Além de assumir um emprego extra para pagar o colégio e dermatologista de primeira classe para seu sobrinho, White chega a pagar o aluguel de um apartamento para Fleming quando Laura, ao escapar de um segundo internamento “de caráter corretivo”, se muda para Nova Iorque. White contou a sua versão desta estória no romance The Farewell Symponhy, mas o memoir de Fleming sobre o histórico de horror e salvação de sua família faz jus à beleza do nome que lhe dá título.

Por Charlotte Sheedy ( tradução adaptada Drigo )

Para escutar Fleming lendo trechos do livro: http://www.salon.com/audio/2000/10/05/fleming/

sábado, 12 de setembro de 2009

Vlog


Philip DeFranco é um vídeo blogger no Youtube. Seus vídeos abordam o cotidiano e política com inteligente sarcasmo. De Franco vem fazendo vídeos desde 2006 e desde seu primeiro vídeo angariou uma legião de fãs. Seus vídeos são diários e alguns atingiram mais que 450 mil seguidores. Recomendo.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Para poucos.


Quando Franz Ferdinand foi anunciado como atração no VMB deste ano, marcada para 1º de outubro, ninguém sabia se a banda escocesa pretendia fazer outros shows no Brasil. Sim, eles se apresentarão pelo menos mais uma vez, no dia 30 de setembro. Mas será para "poucos e bons": até agora, o grupo de Alex Kapranos agendou mais um show, também em São Paulo e para apenas mil pessoas, segundo a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo.

Desse lote seleto, 500 convites serão postos à venda pela produtora Day 1, que não vai revelar o local do espetáculo de antemão. O resto será distribuído por um patrocinador não-identificado.

Em junho, o grupo lançou disco remixado em versão dub de seu mais recente álbum, Tonight.

Fonte: Rolling Stone Brasil

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Mutiny




Mutiny BMX - Fckn Great Video. Ótima Resolução (HD). Watch it or die.

http://www.youtube.com/watch?v=SktbO9_Y7Qs

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Fresh Off the Boat



Depois de duas surpreendentes apresentações tanto em Cannes quanto em Sundance, a estória da trajetória de Muna Farah com seu filho, Fadi, da Cisjordânia ao interior de Illionois finalmente chega às salas de cinema (EUA). Enquanto Fadi aos 16 anos se vira nos corredores do colégio evitando o preconceito, Muna luta para conseguir emprego apesar de seu excelente currículo e acaba num restaurante. Apesar do fato de serem Judeus Palestinos, sua aparência estereotipada é suficiente para alimentar comentários anti islâmicos tão comuns no pós 9/11.

Trata-se do conflito universal da primeira geração de adolescentes imigrantes ao tentar se integrar aos EUA, enquanto ainda intimamente conectados com a sua herança cultural.

Logo em alguma sala de alguma capital. Ou aguarde o DVD. Ou faça o download. Ê Brasil.

Fonte: The Daily Beast ( Traduzido )
Trailer: http://www.youtube.com/watch?v=IZbSkcrT6EU

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Gone Too Far's gone too far.


Com a proximidade da morte de Adam Goldstein “DJ AM” na sexta passada, uma questão paira sobre seu projeto final, Gone Too Far, um reality-show sobre dependência química na MTV: Será que vão passar o episódio? Um funcionário da MTV disse que até ontem, 31 Ago. , não havia se decidido se o programa vai ao ar. É uma situação delicada para a MTV, tendo em vista que a causa da morte de Goldstein permanece inconclusiva e poderia estar ligada à drogas. Gone Too Far estava programado para estrear no dia 5 de Out.
Entertainment Weekly recebeu uma cópia do primeiro episódio dias antes da more de Goldstein. O primeiro episódio mostra Goldstein tentando ajudar uma dependente de heroína de 20 anos, Gina ( na foto ), que gasta $200 por dia em drogas.
O programa mostra AM entrevistando a jovem dependente e sua família. Durante o episódio, Goldstein também fala candidamente sobre seus próprios, bem documentados, problemas com drogas. Ao dirigir por Hartford, Connecticut, até a casa de Gina, ele diz: “ Heroína é a droga número dois de escolha na casa. Sendo crack a número um. Minha ex droga de preferência. E ela está por todo lugar, ele diz: Drogas são fáceis de conseguir.”
Para ilustrar ele vai até uma bodega para comprar um cachimbo de crack e um refrigerante por $2.35. Logo depois ele parece de certa forma surpreso por suas próprias emoções.”Meu coração está disparado só pelo fato de eu estar segurando um cachimbo, coisa que não acontece há muito tempo.”
É definitivamente desconfortável ver Goldstein lidar tão francamente com a questão das drogas – seja ele comprando um cachimbo, seja ao examinar os braços machucados da dependente – tão logo depois de sua morte. E enquanto a causa de sua morte continua incerta, apenas por saber da história dele com elas faz assisti-lo aconselhar outros sobre largar o hábito parecer ao mesmo tempo nobre e desconcertante.
Traduzido do EW.