sábado, 18 de abril de 2009

19 de Abril de 1506


No Massacre de Lisboa de 1506 - também conhecido como Progrom de Lisboa ou Matança da Páscoa de 1506 - uma multidão movida pelo fanatismo religioso perseguiu, violou, torturou e matou cerca de 3 mil pessoas, acusadas de serem judias. Isto sucedeu antes do início da Inquisição e nove anos depois da conversão forçada dos judeus em Portugal, em 1947 durante o reinado de D. Manuel I..
Cerca de 93 mil judeus se refugiaram em Portugal nos anos que se seguiram à sua expulsão da Espanha pelos reis catrólicos em 1492. D. Manuel I se mostrara mais tolerante para com a comunidade judaica, mas, sob a pressão de Espanha, também em Portugal, a partir de 1497, os judeus foram forçados a converter-se.
A histriografia situa o início da matança no Mosteiro de São Domingos no dia 19 de abril de 1506 um domingo, quando os fiéis rezavam pelo fim da seca e da peste que tomavam Portugal, e alguém jurou ter visto no altar o rosto de Cristo iluminado — fenômeno que, para os católicos presentes, só poderia ser interpretado como uma mensagem de misericórdia do Messias – umn milagre.
Um cristão convertido que também participava da missa tentou explicar que a luz era apenas o reflexo do sol, mas foi calado pela multidão, que o espancou até a morte.
A partir daí, os judeus da cidade foram o bode expiatório da seca, da fome e da peste: três dias de massacre se sucederam, incitados por frades dominicanos que prometiam absovição dos pecados dos últimos 100 dias para quem matasse os “hereges”.
A corte encontrava-se em Abrantes - onde se instalara para fugir à peste - quando o massacre começou. D. Manuel I tinha-se posto a caminho de Beja, para visitar a mãe. Terá sido avisado dos acontecimentos em Avis, logo mandando magistrados para tentar pôr fim ao banho de sangue. Entretanto, mesmo as poucas autoridades presentes foram postas em causa e, em alguns casos, obrigadas a fugir.
Como consequência, homens, mulheres e crianças foram torturados, massacrados, violados e queimados em fogueiras improvisadas no Rossio. Os judeus foram acusados entre outros "males", de serem a causa da profunda seca e da peste que assolava o país. A matança durou três dias – de 19 a 21 de Abril na semana santa de 1506 - e só acabou quando foi morto um cristão-novo que era escudeiro do rei, e as tropas reais afinal chegaram para restaurar a ordem.
D. Manuel I penalizou os envolvidos, confiscando-lhes os bens, e os dominicanos instigadores foram condenados à morte. Há também indícios de que o Convento de S. Domingos (da Baixa) teria sido fechado durante oito anos.
No seguimento do massacre, do clima de crescente em Portugal do estabelecimento do Tribunal do Santo Ofício — que entrou em funcionamento em 1540, perdurando até 1821 — muitas famílias judaicas fugiram ou foram expulsas do país, tendo como destino principal os Países Baixos e secundariamente, Françaa, Turquia e Brasil, entre outros.
Mesmo expulsos da Península Ibérica, os judeus só podiam deixar Portugal mediante o pagamento de "resgate" à Coroa. No processo de emigração, os judeus abandonavam suas propriedades ou as vendiam por preços irrisórios e viajavam apenas com a bagagem que conseguissem carregar.
Interessante como esse fato histórico de profunda importância foi apagado da memória coletiva e dos livros de história.

Mais uma da respeitosa igreja católica.

Plano B. Porque saber é importante.

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