segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Decálogo de Russell
Bertrand Russell propôs, em sua autobiografia, um "código de conduta" liberal baseado em dez princípios, à maneira do decálogo cristão. "Não para substituir o antigo", diz Russell, "mas para complementá-lo". Os dez princípios são:
1.Não tenhas certeza absoluta de nada.
2.Não consideres que valha a pena proceder escondendo evidências, pois as evidências inevitavelmente virão à luz.
3.Nunca tentes desencorajar o pensamento, pois com certeza tu terás sucesso.
4.Quando encontrares oposição, mesmo que seja de teu cônjuge ou de tuas crianças, esforça-te para superá-la pelo argumento, e não pela autoridade, pois uma vitória dependente da autoridade é irreal e ilusória.
5.Não tenhas respeito pela autoridade dos outros, pois há sempre autoridades contrárias a serem achadas.
6.Não uses o poder para suprimir opiniões que consideres perniciosas, pois as opiniões irão suprimir-te.
7.Não tenhas medo de possuir opiniões excêntricas, pois todas as opiniões hoje aceitas foram um dia consideradas excêntricas.
8.Encontres mais prazer em desacordo inteligente do que em concordância passiva, pois, se valorizas a inteligência como deverias, o primeiro será um acordo mais profundo que a segunda.
9.Sê escrupulosamente verdadeiro, mesmo que a verdade seja inconveniente, pois será mais inconveniente se tentares escondê-la.
10.Não tenhas inveja daqueles que vivem num paraíso dos tolos, pois apenas um tolo o consideraria um paraíso.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bertrand_Russell
Jimmy Tamborello
Por Thomas Stanton
Dias atrás eu estava escutando Postal Service na rádio e comecei a pensar sobre como a indústria musical é hoje um monstro completamente diferente do que era há 10 ou 20 anos. Uma vez a inimiga principal da criatividade humana, a indústria parece ter aparentemente ampliado o conceito do que é considerado lucrativo, subsequentemente criando interesse geral (financeiro ou não) em diferentes gêneros e subculturas musicais.
Para colocar de forma simples, quando rebanhos daquilo que a indústria chama de “consumidores inativos” (gente que costuma definir seu gosto musical pela inspirada asserção “eu ouço um pouco de tudo”) vêem ou ouvem um vídeo ou música do Postal Service, do White Stripes ou do Yeah Yeah Yeahs atiradas na superficial rotação musical do mainstream, elas desencadeiam uma estranha seqüência de eventos. O presidente cinqüentão da grande gravadora começa a perguntar ao seu filho de quinze anos qual ele acha que vai ser o próximo big hit; o rebanho daquilo que indústria costuma chamar de “consumidores ativos” (gente que por outro lado é excessivamente ambiciosa tipo “eu não escuto nada que não seja hip hop lituano lado b”) que já estão ouvindo White Stripes e Yeah Yeah Yeahs se ofendem e começam a chamar essas bandas de vendidas, só para cavarem ainda mais no underground por algo ainda mais idiossincrático ou arcaico. Os selos menores, por sua vez começam a gerar mais hype e passam a fazer algum dinheiro, e ao mesmo tempo, algum impacto no mainstream. O conceito de cool começa a mudar sutilmente. Não se trata de uma grande mudança, é muito menos um movimento musical do que seria o equivalente a uma mudança de vento, da cor do mar ou mesmo da maré (nos casos mais previsíveis).
Eu escuto o Postal Service tocar num trailer de um filme. Eu abro um número incontável de revistas e me dou conta que eu sou apenas um ponto na galáxia de pessoas minerando o underground musical.
Este cenário é de certa forma otimista, e é especificamente interessante para a figura do produtor musical. Com produtores - “gênios musicais”, o cara por trás dos caras – não há necessidade de consultoria de imagem, ou coreografias estilizadas. Produtores são o foco do “som” de uma banda.”, mas em termos de visibilidade individual, estão geralmente fora de foco. Deixe-me ser mais claro. O produtor é o cérebro do corpo musical, e apesar de geralmente estar (ou ser) escondido atrás do palco, ele vira dolorosamente óbvio quando um álbum não possui uma produção criativa.
Aqui entra Jimmy Tamborello, o cérebro por trás do Postal Service, Dntel, Figurine, Headset, e o cara perfeito com o qual se pode ficar otimista sobre a indústria musical. “Eu não recebo muita influência ou pressão das rádios mainstream, a meu ver elas estão um pouco estagnadas”. A popularidade do Postal Service é a correspondência musical (daí o nome) de Tamborello com o vocalista do Death Cab for Cutie, Ben Gibbard.
As paisagens electro-pop de Tamborello servem de pano de fundo para o murmuro de Gibbard, enquanto Dntel é a jornada de Tamborello rumo a experimentação poética. Figurine é uma sacada inteligente do synch-pop dos anos 80 e Headset é uma colaboração hip hop com Allan Avanessian, fundador e produtor do Plug Research. É, portanto desnecessário discorrer sobre a versatilidade e criatividade de Jimmy Tamborello.
O bravo duelo com o monstro que é a ideologia mainstream talvez vá jamais chegar às vias de fato: há dinheiro demais nas mãos de gente sem inspiração e muita independência e criatividade nas mentes de gente como Jimmy Tamborello. Só se espera que caras como ele continuem a injetar no mainstream doses periódicas de verdadeira ingenuidade. ”Meu processo artístico é aleatório”- diz ele, “Começa com um pequeno acidente e então vai se construindo pouco a pouco a partir daí.”. Oremos então por mais acidentes.
Texto: Thomas Stanton
Revista Fugue ( pronuciada Fiug ) aparentemente extinta - não confundir com a Fugues Mag.
Tradução adaptada – Drigo
www.jimmytamborello.com
http://www.lastfm.com.br/music/The+Postal+Service
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
O Apanhador
O Apanhador no Campo de Centeio é um romance de J.D Sallinger. Primeiramente publicado nos EUA em 1951, o livro tem sido freqüentemente contestado em seu país de origem por seu uso liberal e profano de sexualidade e angústia adolescente.
Originalmente publicado para adultos, o romance se tornou parte do currículo do segundo grau e das universidades por todo os países de língua inglesa; também foi traduzido em quase todas as principais línguas do mundo. Cerca de 250.000 cópias são vendidas a cada ano, com um total de mais de sessenta e cinco milhões de cópias vendidas até hoje. O protagonista, Holden Caulfield se tornou um ícone para a rebelião juvenil.
O romance foi escolhido pela Time como um dos cem livros mais importantes da língua inglesa de 1923 a 2005.
Escrito na primeira pessoa, O Apanhador no Campo de Centeio segue as experiências de Holden em Nova Iorque, nos dias que seguem a sua expulsão do colégio. Ao passo que Holden vai compartilhando as suas experiências, se torna evidente que ele está falando desde uma instituição mental, onde ele está sendo psicanalisado. Holden compartilha os encontros que ele teve com os alunos e os professores, a quem ele critica a superficialidade, ou como ele coloca, a “falsidade”. Depois de uma desavença sobre uma garota com seu colega de quarto, Holden faz as malas e deixa o colégio imediatamente, no meio da noite. Ele toma um trem para Nova Iorque, mas não quer voltar para o apartamento de sua família imediatamente, ao invés se acomodando em um hotel. Lá ele passa uma tarde dançando com três garotas turistas e tem um encontro mal sucedido com uma prostituta a quem ele paga apesar de não haver consumido seus serviços. Ela exige mais do que o anteriormente combinado e ele não concorda em pagar, acabando por levar uma surra de um cafetão.
Holden passa um total de dois dias na cidade, amplamente caracterizados por bebedeiras e solidão. A certo ponto ele acaba em um museu, onde ele compara a sua vida com as estatuas dos esquimós em exposição. Por tanto quanto ele consegue se lembrar, as estátuas são fixas e imutáveis. Fica claro para o leitor, senão para Holden, que o adolescente passa pelo medo e ansiedade gerados pelo processo de mudança e de se tornar adulto. Estas preocupações podem ter surgido a partir da morte de seu irmão. Eventualmente ele vai até o apartamento de seus pais enquanto eles não estão em casa para visitar sua irmã Phoebe, que parece ser a única pessoa com quem ele consegue se comunicar. Para ela, Holden conta sobre uma fantasia recorrente que ele vem tendo; ele se vê como um guardião solitário de várias crianças que estão jogando bola em um enorme campo de centeio à beira de um penhasco. Seu trabalho é apanhar as crianças se elas chegam muito perto de cair.
Depois de deixar o apartamento de seus pais, Holden passa na casa de um ex professor. O conforto que ele sente ao encontrar seu mentor é interrompido quando ele acorda no meio da noite com o (professor) afagando a sua cabeça de uma forma que parece “pervertida”. Holden então deixa a casa e passa a sua última tarde vagando pela cidade.
Holden quer se mudar para a California e conta sobre seus planos para sua irmã, que decide partir com ele. Ele recusa que ela vá com ele, e acaba mentindo dizendo que ele mesmo não vai mais. Holden então leva Phoebe a um zoológico, onde ele fica olhando ela brincar num carrossel. Olhando com alegria e medo ao mesmo tempo ele se dá conta que não pode existir um apanhador que proteja a inocência das crianças, e que elas acabam por ter que por si mesmas encarar a dureza do mundo.
Holden nunca relata o seu prognostico desde a internação. Sua voz nas últimas paginas do livro indicam que o seu tempo em recuperação o deixou mais calmo e com mais perspectiva, mas ele continua solitário e sem direção.
Holden Caulfield é apresentado como uma figura protetora que quer proteger mentes inocentes como a de sua irmã Phoebe da maldade do mundo.
“ Alguém escreveu FUCK YOU na parede da escola ( de Phoebe ). Isso me deixou louco. Eu pensei o que Phoebe e as outras crianças pensariam ao ler isso. E como ficariam pensando e imaginando o que significava, e então alguma criança mais velha as contaria naturalmente...eu não consigo parar que querer matar quem escreveu isso.”
Queda. Holden escuta de seu professor que ele está nesta grande queda e que ele nunca saberá quando ele vai atingir o fundo, ele só continuaria a cair e cair.
“ Eu penso que essa queda é um tipo especial de queda, um tipo terrível. Ao homem caindo é permitido sentir bater no fundo, isto foi programado para o homem , que num determinado momento ou outro em sua vida busca por algo que seu ambiente não pode lhe oferecer ou justificar. Isso ocorre para que ele pare de procurar antes mesmo que ele tenha começado.”
Holden toma esse conselho pessoalmente e enquanto caminha pela 5ª avenida ele pede para seu irmão (já morto) que lhe ajude.
“ Sempre que eu chego no final de um quarteirão eu faço de conta que eu estou falando com meu irmão Allie. Eu digo, Allie, por favor não me deixe desaparecer.”
Já foi interpretado que a atitude de Holden no final do livro é a mesma do começo, o que implica uma falta de distinção entre um romance juvenil ou adulto. Por outro lado, já foi dito que os professores incluem o livro no currículo escolar porque o otimismo no final que “denota que a alienação é apenas uma fase”. Enquanto uma interpretação diz que Holden age de acordo com sua idade, a outra supõe que ele pensa como um adulto por sua habilidade de ver através das pessoas com claridade.
O livro foi interpretado negativamente por certos críticos que dizem que ele possui apenas respostas negativas aos problemas que expressa. Em um outro tipo de critica, sua filosofia foi comparada com a de Jean-Jacques Rousseau.
O personagem de Phoebe tem um papel importante em influenciar Holden. Seu nome vem do grego Phoibus, deusa do céu e da lua. Essa comparação sugere que ele serve como uma forma de oráculo para Holden, em quem ele pode confidenciar e buscar conselho. Phoebe também se coloca como um personagem catalítico para Holden, tendo em vista que ele se vê como o apanhador no campo de centeio. Phoebe e Holden parecem intercambiar constantemente papeis enquanto apanhadores e as crianças.
De qualquer forma no final do livro Holden se dá conta que não pode controlar a vida de Phoebe nem a impedir de crescer. Inevitavelmente ela vai cometer erros. Desta forma, Holden de fato mudou no decorrer do romance, e aceitou, a certa extensão, a sua inabilidade em ser o apanhador para Phoebe e para todas as outras crianças – ele deve deixá-las crescer por si mesmas.
Em 1960, um professor for despedido e depois readmitido por indicar o livro aos seus alunos. Entre 1961 e 1982, o romance foi o livro mais censurado nas escolas e bibliotecas americanas. Em 1981, era ao mesmo tempo o livro mais censurado e o mais indicado nas escolas publicas dos EUA.
A fama do livro foi tamanha que muitos dos censores eram sequer familiarizados com o enredo per se. Uma professora do segundo grau criticou os censores dizendo que eles estavam sendo como Holden... tentando ser os apanhadores no campo de centeio.
Mark Chapman, que assassinou John Lennon em 1980, estava carregando consigo o livro e leu uma passagem do livro em seu julgamento.
John Hinckey que tentou assassinar o presidente Reagan também se disse obcecado pelo livro.
O autor jamais permitiu que o livro, um dos mais vendidos e conhecidos do mundo, se transformasse em filme, embora tanto o livro quanto Holden sejam constantemente citados em diversas produções e inspirado diversos personagens.
Fonte: Wikipedia
Traducao: Drigo
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Exposição Tara McPherson em Porto Alegre
Tara McPherson nasceu em 1976, em Sao Francisco, EUA. Atualmente mora em Nova York. Em 2008, fez individual na Choque, com pinturas a óleo, lançando uma grande série chamada Fractal Lake. Na imagem abaixo, Tara em frente a duas das nove pinturas da mostra.
Tara é uma pintora tecnicamente “acadêmica”, usa óleo sobre painéis de madeira, explora veladuras, efeitos de claro-escuro e os brilhos que só a pintura a óleo proporciona. Mas apesar do apuro numa técnica tão tradicional, seu trabalho não é nada conservador
Tara está metida de corpo inteiro na cultura pop. Une rock, quadrinhos e surrealismo, num equilíbrio próprio, criando uma obra de grande empatia com os jovens
A atmosfera solene da pintura feita à maneira renascentista, contrasta com os ícones pop retratados pela artista e cria uma tensão cheia de ironia e provocação.
A artista percebe e explora muito bem o charme dos cartoons, das imagens infantis, da nostalgia pop. E apresenta seus personagens sempre envoltos numa espécie de nobreza heráldica. O que resulta em imagens enigmáticas, carismáticas e simbólicas.
É um trabalho preciso, formal e de construção habilidosa. A pesquisa e o desenvolvimento de cada cena, personagem ou ambiente, mostra um processo criativo sistemático, rigoroso do projeto à execução de cada desenho ou pintura.
Seus desenhos feitos a lápis são transformados em linhas de contornos precisos, digitalizados e aplicados graficamente em ilustrações, posters, gravuras, objetos tridimensionais e toda uma sorte de gadgets e souvenirs.
Mais do que simples material de merchandising, o processo de “industrialização” da sua arte tem um papel importantíssimo no processo de mitificação do seus personagens.
Tara McPherson extrai da popularização dos seus ícones, o status que a fama pode produzir, potencializando seus contrastes e profundidade.
Tara foi chamada pela Elle, de “Rainha da Poster Art”, pelo grande sucesso das suas gravuras (de tiragem limitada, nimeradas e assinadas pela artista), com as bandas de rock preferidas da artista.
Informações:
www.nucleourbanoide.com
John Hughes
Morreu ontem, aos 59 anos, o diretor, produtor e roteirista de cinema John Hughes. Criador de um genêro, Hughes é responsável por alguns dos principais clássicos dos anos 80 ( incluindo The Breakfast Club/ O Clube dos Cinco ) documentando e influenciando toda uma geração.
Thanks, Mr. Hughes.
Tributo ao Breakfast Club (1985)
http://www.youtube.com/watch?v=m1NIcWOsbGA&feature=related
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Anticon
Anticon é um selo independente de San Francisco, CA, fundado em 1997. É coletivamente administrado por sete artistas-sócio-fundadores e um gerente. Os músicos que são lançados ou que se associam Anticon são conhecidos como a Coletiva Anticon.
A linha de artistas que faz parte do selo já foi descrita como “o equivalente do hip hop ao post-rock” ou como um “hip hop avant-garde”, também chamado de “avanthop”. Os lançamentos incluem material criado por seus membros, afiliados e sua extensa família musical.
Apesar de a Anticon originalmente ter existido dentro dos círculos do Abstract Hip Hop, os fundadores se tornaram pouco a pouco apenas tangencialmente relacionados com o Hip Hop e o selo começou os últimos anos a lançar música nos gêneros indie rock e eletrônica.
Artistas que fazem parte da Anticon são das Costa Oeste e Leste dos E.U.A, do meio oeste daquele país e mais recentemente do Canadá e do Reino Unido.
Estes músicos se apresentam solo ou em grupo, já que as colaborações tanto dentro quanto fora da Coletiva são freqüentes. De qualquer forma, a própria Coletiva evoluiu ao longo do tempo em um grupo de artistas que, apesar de compartilharem uma mesma qualidade independente, progressiva e frequentemente desafiadora, exploram diferentes estilos musicais incluindo o eletrônico e o rock. Muitos dos artistas da Anticon fazem partes de múltiplos selos e alguns até possuem seus próprios selos através dos quais lançam seu material.
O selo também organizou diversas exposições de artes visuais de vários artistas da Coletiva.
Definitivamente vale a pena dar uma curtida no site do selo, e se você freqüenta o Plano B vai ouvir mais e mais falarmos dessa galera.
http://www.anticon.com
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