terça-feira, 16 de setembro de 2008

Uma Câmera em Nossos Olhos



A forma tradicional de se olhar para o skateboarding é amplamente definida através dos parâmetros mecânicos da câmera e suas resultantes reproduções. Frações específicas do “tempo” do skate são congeladas, enquadradas, reduzidas, coloridas, editadas e reproduzidas na produção de ambas as imagens paradas ou em movimento. As imagens que usamos para retratar o skateboarding são na verdade distorções altamente estilizadas.

Mas se podemos dizer que a câmera inerentemente distorce seu objeto em relação a realidade, pode também ser dito que o skateboarding igualmente distorce a nossa percepção da realidade. Nesta luz sobre o skateboard, o tempo se expande ao passo que o espectador se torna consciente do corpo relacionado ao skateboard, quando esse conclui uma manobra que dura uma fração de um segundo. Cria-se forma e escala ao passo que blocos ou corrimãos se tornam perceptivamente menores enquanto os ollies se tornam maiores. Valores simbólicos se transformam ao passo que os equipamentos arquitetônicos se transformam em equipamentos de recreação. A combinação acaba transformando as barreiras reais e metafóricas do ambiente construído em subseqüente plataforma de lançamento de distorção. O skateboard prova; distorça-se a si mesmo e o resto fará sentido.

Desta forma, para se ver algo como novidade, a sua normalidade deve ser distorcida. Quando se age sobre tal simples noção, as suas ramificações se tornam potencialmente radicais e políticas. Isto pode ser evidenciado pelo fato que o skateboarding é paradoxalmente cada vez mais popular e mais ilegal do que nunca. O skateboarding ameaça o status quo através de seu simples e direto engajamento, assim desafiando o ambiente concreto e simbólico originalmente construído para alimentar a produtividade da conformidade para seus habitantes.
Trecho extraído da Revista Skateboarding Agosto 2008 – Tradução e Título : Drigo
www.skateboardingmagazine.com

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