segunda-feira, 1 de setembro de 2008
Morto?
Na maioria das vezes, a história de Rimbaud é apresentada como principal ponto de partida para a leitura de sua obra, o que torna quase impossível olhar-se a obra de Rimbaud com olhos livres.
Por outro lado, o Rimbaud que partiu para traficar armas de fogo no norte da África de um lado e deu cor às vogais por outro, tornou-se um tipo de referência para a poesia no século seguinte: servindo como argumento à tese que nascia sobre a impossibilidade de ser considerada a dissociação entre o poeta e sua poesia. O poeta, assim, vive e é sua poesia - pensamento em voga ainda hoje segundo algumas escolas.
Henry Miller, um dos grandes admiradores da poesia simbolista de Rimbaud, diz, diante disso, que o tipo Rimbaud chegará a superar tipos clássicos de comportamento; como o introspectivo e inquieto jovem estampado pelo personagem Hamlet, de Shakespeare. "Acho que existem muitos Rimbauds neste mundo e que seu número aumentará com o tempo. Acho que o tipo Rimbaud tomará o lugar, nos próximos tempos, do tipo Hamlet e do tipo Fausto. Até que o velho mundo morra de vez, o indivíduo 'anormal' será cada vez mais a norma. O novo homem se encontrará quando a guerra entre a coletividade entre o indivíduo cessar. Veremos então o tipo de homem em sua plenitude e esplendor".
Paulo Leminski ( Curitiba ) escreveu no curtíssimo ensaio "Poeta Roqueiro" que "vivesse hoje, Rimbaud seria músico de rock" e que Rimbaud "pasmou os contemporâneos com uma precocidade poética - (escrevendo) obras-primas entre os 15 e os 18 anos". Georges Duhamel vai pela mesma picada: "O que Mallarmé não parece ter adivinhado é que o 'Viajante notável' voltaria, que ia ficar, que não pararia de crescer, que sua influência se estenderia sobre todas as gerações e que aquele garoto seria no século novo não o mestre, e sim, melhor ainda, o mensageiro, o profeta de toda uma juventude febril, entusiasta, rebelde". A imagem mais conhecida de Rimbaud, esta mesma que ilustra o verbete, reforça a idéia de enfant terriblé que se relaciona à sua persona.
Entre os livros que reúnem a produção de Rimbaud destacam-se "Une Saison en enfer" e "Iluminations", além de poemas como Barco Ébrio..
Enquanto esperava uma carta de Verlaine, seu amante,Rimbaud resolveu escrever um grande poema que seria a ilustração direta de sua nova ética, uma obra indiscutivelmente de fôlego.
Delahaye o viu, deitado num barco, ao pé do Velho Moinho, o rosto contra a água, interrogando o fundo do rio, onde, entre as manchas de sol, a corrente fazia ondular a longa cabeleira das plantas aquáticas. Ele havia apenas conservado a idéia do tema de O Navio Fantasma — que Leon Dierx acabava de tratar há pouco no Parnasse Contemporain —, ou, mais exatamente, ele o incorporara, pois o barco sem rumo pelo espaço sideral, sob o céu implacável ou nas profundezas glaucas, é ele, sua alma, liberada enfim de suas amarras..
Wikipedia
Rimabud no PlanoB Words - www.planobwords.blogspot.com
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário