terça-feira, 25 de novembro de 2008

People We Like - Jimmy Tamborello


Por Thomas Stanton



Dias atrás eu estava escutando Postal Service na rádio e comecei a pensar sobre como a indústria musical é hoje um monstro completamente diferente do que era há 10 ou 20 anos. Uma vez a inimiga principal da criatividade humana, a indústria parece ter aparentemente ampliado o conceito do que é considerado lucrativo, subsequentemente criando interesse geral (financeiro ou não) em diferentes gêneros e subculturas musicais.

Para colocar de forma simples, quando rebanhos daquilo que a indústria chama de “consumidores inativos” (gente que costuma definir seu gosto musical pela inspirada asserção “eu ouço um pouco de tudo”) vêem ou ouvem um vídeo ou música do Postal Service, do White Stripes ou do Yeah Yeah Yeahs atiradas na superficial rotação musical do mainstream, elas desencadeiam uma estranha seqüência de eventos. O presidente cinqüentão da grande gravadora começa a perguntar ao seu filho de quinze anos qual ele acha que vai ser o próximo big hit; o rebanho daquilo que indústria costuma chamar de “consumidores ativos” (gente que por outro lado é excessivamente ambiciosa tipo “eu não escuto nada que não seja hip hop lituano lado b”) que já estão ouvindo White Stripes e Yeah Yeah Yeahs se ofendem e começam a chamar essas bandas de vendidas, só para cavarem ainda mais no underground por algo ainda mais idiossincrático ou arcaico. Os selos menores, por sua vez começam a gerar mais hype e passam a fazer algum dinheiro, e ao mesmo tempo, algum impacto no mainstream. O conceito de cool começa a mudar sutilmente. Não se trata de uma grande mudança, é muito menos um movimento musical do que seria o equivalente a uma mudança de vento, da cor do mar ou mesmo da maré (nos casos mais previsíveis).

Eu escuto o Postal Service tocar num trailer de um filme. Eu abro um número incontável de revistas e me dou conta que eu sou apenas um ponto na galáxia de pessoas minerando o underground musical.

Este cenário é de certa forma otimista, e é especificamente interessante para a figura do produtor musical. Com produtores - “gênios musicais”, o cara por trás dos caras – não há necessidade de consultoria de imagem, ou coreografias estilizadas. Produtores são o foco do “som” de uma banda.”, mas em termos de visibilidade individual, estão geralmente fora de foco. Deixe-me ser mais claro. O produtor é o cérebro do corpo musical, e apesar de geralmente estar (ou ser) escondido atrás do palco, ele vira dolorosamente óbvio quando um álbum não possui uma produção criativa.

Aqui entra Jimmy Tamborello, o cérebro por trás do Postal Service, Dntel, Figurine, Headset, e o cara perfeito com o qual se pode ficar otimista sobre a indústria musical. “Eu não recebo muita influência ou pressão das rádios mainstream, a meu ver elas estão um pouco estagnadas”. A popularidade do Postal Service é a correspondência musical (daí o nome) de Tamborello com o vocalista do Death Cab for Cutie, Ben Gibbard.

As paisagens electro-pop de Tamborello servem de pano de fundo para o murmuro de Gibbard, enquanto Dntel é a jornada de Tamborello rumo a experimentação poética. Figurine é uma sacada inteligente do synch-pop dos anos 80 e Headset é uma colaboração hip hop com Allan Avanessian, fundador e produtor do Plug Research. É, portanto desnecessário discorrer sobre a versatilidade e criatividade de Jimmy Tamborello.

O bravo duelo com o monstro que é a ideologia mainstream talvez vá jamais chegar às vias de fato: há dinheiro demais nas mãos de gente sem inspiração e muita independência e criatividade nas mentes de gente como Jimmy Tamborello. Só se espera que caras como ele continuem a injetar no mainstream doses periódicas de verdadeira ingenuidade. ”Meu processo artístico é aleatório”- diz ele, “Começa com um pequeno acidente e então vai se construindo pouco a pouco a partir daí.”. Oremos então por mais acidentes.

Texto: Thomas Stanton
Revista Fugue ( pronuciada Fiug ) aparentemente extinta - não confundir com a Fugues Mag.

Tradução adaptada – Drigo
www.jimmytamborello.com

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Handpicked - Shoes We Like

Emerica




DVS

Circa



Circa





sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Na TV ( SoMa Recomenda )

Tempos De Violência (Harsh Times) USA 2005 112:04 Colorido - Policial - 18 anos
Jim é um ex-fuzileiro que não consegue esquecer os terríveis momentos que presenciou na guerra. Enquanto possui dificuldade para arranjar um emprego na polícia ele acaba caindo na vida criminosa das drogas e da violência - Tanto “Tempos de Violência” quanto “Batman Begins” têm como cena de abertura um pesadelo vivido pelo protagonista do filme, interpretados por Christian Bale em ambos.- Noel Gugliemi, que faz o papel de Flaco, usa uma jaqueta em que está escrito “Hector”, o mesmo nome do personagem que viveu em “Velozes e Furiosos”. - A placa de carro “2GAT123”, que aparece no filme, também foi utilizada em outras produções como “Beverly Hills Cop II”, “Traffic” e “S.W.A.T.” A produção foi um marco na carreira de Christian Bale. Devido a sua atuação como Jim Luther Davis, o ator foi escalado para interpretar o milionário Bruce Wayne, em “Batman Begins”.

Próxima Exibição: Segunda, 24/11 às 11h55no Telecine Premium


quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Some Yellow

Para quem tá afim de escutar um pouco de amarelo:

 http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=81435392

Do Hubble



domingo, 16 de novembro de 2008

28 lá, 29 aqui.

Buy Nothing Day é um dia informal de protesto contra o consumismo observado por ativistas sociais ao redor do mundo. Tipicamente celebrado na Sexta Feira após o Thanksgiving nos EUA e no dia seguinte internacionalmente, em 2008 as datas serão 28 e 29 de Novembro respectivamente. A data foi criada pelo artista canadense Ted Dave e subsequentemente promovida pela também canadense revista Adbusters.

O primeiro Buy Nothing Day foi organizado em Vancouver em Setembro de 1992 “como um dia para a sociedade examinar a questão do excesso de consumo”. Em 1997, a data foi movida para a Sexta após o Dia de Ação de Graças americano, que é um dos dias mais movimentados do comércio dos EUA. Fora dos EUA, o BND é celebrado no Sábado seguinte. Apesar de controvérsias, a Adbusters conseguiu promover a data na CNN, embora a MTV e outros canais tenham se negado a fazê-lo. Segundo a MTV: “O anúncio vai além do que nós estamos dispostos a aceitar em nossos canais.”

Os primeiros países a seguirem o Canadá foram os EUA, o Reino Unido, Israel, Alemanha, Nova Zelândia, Japão, os Países Baixos e a Noruega. Hoje a participação ocorre mais de 65 países.

Alguns críticos alegam que o BND simplesmente faz com que os participantes deixem para comprar no dia seguinte, e chegou-se a sugerir que um “Consume Nothing Day” seria mais eficaz, a Adbusters diz que “não se trata de mudar os hábitos por um dia” mas “de empreender um comprometimento duradouro em consumir menos e produzir menos lixo”.


Fonte: wikipedia
Link: www.adbusters.org

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Not So Easy

O que esperar de um presidente americano?

Eu venho vendo nos últimos dias uma série de artigos e entrevistas em nossos canais de notícias, na mídia impressa e na internet, todos discutindo (e especulando) sobre o que esperar do presidente eleito americano.

Invariavelmente chega-se a determinado momento onde o entrevistador faz a pergunta: E o Brasil? O Governo Obama será bom ou ruim para o Brasil? Segue uma sempre igual ladainha sobre protecionismo e sobre o peso da América Latina no cenário político e econômico.

Eu não considero que essas preocupações sejam de todo impertinentes, é natural que ao se dar conta da significância do fim da era Bush se queira saber o que esperar daqui por diante, uma vez que um novo cenário político nos EUA impactará a vida de todos nesse planeta.

Contudo, eu penso que poucos de nós realmente pararam para pensar de forma crítica (e não meramente repetirmos o que “aprendemos” com a mídia) sobre como e porque George W. Bush foi tão ruim, como e porque Obama pode significar mudança real, e como e porque a política americana afeta o nosso dia a dia aqui no sul do mundo.

Eu acredito que para começarmos a buscar essas respostas temos que abrir nossas mentes para algo que é mais do que um exercício mental, mas nesse momento uma necessidade – uma mudança de mentalidade que nos permita de fato aceitarmos que acima de nossos subsistemas econômico e político reina um sistema maior – a biosfera.

Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas
da Terra. Incluem-se na biosfera todos os organismos vivos que vivem no planeta, embora o conceito seja geralmente alargado para incluir também os seus habitats.


O homem, como ser vivo, faz parte da biosfera, modificando-a positiva ou negativamente.

Os seres vivos dependem uns dos outros e mantêm relações específicas com o meio ambiente. Com exceção do homem, que consegue se fixar e viver em quase todos os lugares do planeta, devido ao alto grau de adaptabilidade que lhe é natural, cada ser vivo tem um ambiente em que se adapta melhor e que, sendo modificado, pode afetar o ecossistema. Por isso, o homem tem uma responsabilidade acrescida na saúde da biosfera..


Uma dos grandes erros de concepção de parte do movimento ambientalista é conceber que a destruição da biosfera levará a destruição do planeta. O planeta vai sobreviver enquanto quem está em risco de extinção é a raça humana, o que também não seria anormal se levarmos em conta que 99,9% das espécies que já habitaram esse planeta não mais existem. A tragédia é que somos uma espécie extremamente nova, apesar do grau da infecção que causamos à Terra, chegamos relativamente tarde ao planeta.( Se a terra houvesse surgido no dia 1º de janeiro o Homem teria surgido às 23:59:59 do dia 31 de dezembro.)

Há 400 milhões de séculos uma célula se formou desenvolvendo consigo um gene que é o código para tudo o que somos hoje. Fazem parte do organismo que chamamos de Homem Contemporâneo, o Homo Sapiens, cerca de cem trilhões de células, as quais 90% não são na verdade humanas – são fungos, bactérias e outros microrganismos.

Somos um universo dentro de um universo e dentro de nós está a história da nossa vida na terra, desde a primeira célula original até esse momento. Neste mesmo momento , dentro de cada um de nossos corpos, cerca de seis septilhões (seis seguido de vinte e quatro zeros ) de atividades estão acontecendo ao mesmo tempo. Nos próximos dez segundos mais coisas acontecerão em seu corpo do que em toda a história conhecida dos planetas, das estrelas e asteróides.

A isso chamamos de vida.

Mais do que um conjunto de felizes coincidências cada um de nós é um sistema que luta a cada segundo por sua sobrevivência, comandados por aquilo que chamamos de mente humana.

Foi a mente humana que, ao desenvolver a consciência e logo em seguida inventar o conceito de futuro, nos permitiu a sobreviver e eventualmente dominar as outras espécies. Esse conceito nos permitiu entender que nossas ações presentes poderiam afetar nossa situação mais adiante, e criou-se o que então chamamos de escolha. Reconhecemos onde estão as oportunidades e ameaças e escolhemos de acordo. Assim sobrevivemos até hoje.

O problema é que essa mesma mente deu-nos a falsa impressão de que somos desconectados dos demais sistemas que nos circundam, um distúrbio de raciocínio que nos faz pensar que somos separados da natureza ( a qual tentamos dominar ), enquanto na verdade mais do que fazermos parte dela, nós somos natureza.

Conquistar e dominar a natureza é a premissa essencial do sistema em que vivemos.

Esse processo de desconexão vem se intensificando nos últimos milhares de anos e nos últimos duzentos anos esse processo acelerou-se bruscamente.

Um elemento contribuiu essencialmente para que isso ocorresse.

Por toda a história humana, os seres humanos viveram com a quantidade de energia que dispunham, isto é, com a quantidade de sol que tinham. O sol batia nos campos, os campos cultivavam plantas, as plantas faziam celulose, os animais comiam celulose, nós comíamos as plantas e os animais, usávamos roupas e plantas feitas de vegetais e animais, nos transportávamos por meio de animais. Vivíamos enfim com o sol que tínhamos – o sol que chegava à Terra em um ano era o máximo de energia que podíamos usar naquele ano.

Assim, até alguns milhares de anos atrás nossa população e manteve sempre abaixo de um bilhão.
Foi então que começamos a descobrir pequenas bolsas de energia solar armazenadas na Terra, principalmente na forma de carvão e óleo.

Isto permitiu que atingíssemos a marca de um bilhão de habitantes pela primeira vez na história humana em 1800. Levou-nos apenas 130 anos até que atingíssemos 2 bilhões em 1930, e apenas 30 anos para que atingíssemos 3 bilhões em 1960. A população atual é de 6,4 bilhões de habitantes.

O motivo de termos conseguido esse crescimento demográfico exponencial é porque produzimos comida e vestuário com essas reservas de luz do sol armazenadas na Terra há 300 ou 400 milhões de anos.

Sem tecnologia, se tivéssemos que viver hoje com o sol que incide na terra tão somente, o planeta não poderia abrigar muito mais do que meio bilhão de pessoas.

O que aconteceu é que nos últimos milhares de anos nos tornamos bons alquimistas, transformando o carbono e consequentemente o petróleo no alicerce de todo nosso sistema, de tudo o que consumimos.

Toda complexidade de nossos problemas políticos e econômicos se resume no fato que esse crescimento exponencial fez com que hoje sejamos gente demais usando recursos de menos, e de forma bastante desigual.

Os EUA emprestam do mundo 800 bilhões de dólares por ano para financiar o seu excesso de consumo, emitindo mais de um bilhão de dólares em notas promissórias e títulos da dívida por dia. Um terço desse déficit, cerca de 250 bilhões, é diretamente resultado da importação de óleo. A Exxon-Mobile é hoje maior do que todas as companhias de automóveis do mundo somadas.

Vivemos hoje uma convergência de crises. Desde a criação da corporação dentro do sistema capitalista até a sua transformação na instituição dominante da nossa era vivemos algumas crises, em parte decorrentes do que talvez possamos chamar de institucionalização da ganância. Porém o que vivemos hoje é mais do que uma crise do sistema econômico ou mesmo uma crise política generalizada como foram as guerras mundiais.

O que está em jogo nesse momento é a sobrevivência de um sistema de dependência em combustíveis fósseis que foi concebido há mais de duzentos anos, com a invenção da máquina a vapor e a conseqüente revolução industrial.

Embora a corrida tecnológica tenha dominado boa parte do século passado, talvez só agora a tecnologia se coloca como não somente uma aliada do poder econômico, mas como a única solução para a nossa sobrevivência enquanto espécie. Talvez esse momento seja, enfim, a revolução tecnológica.

Um revolução tecnológica envolve a utilização eficiente da energia solar e dos ventos, a concepção de formas alternativas de transporte, uma redefinição dos métodos de produção e acima de tudo uma economia sustentável.

Infelizmente, talvez o maior fracasso ou canalhice ( dependendo do ponto de vista ) do governo Bush ( e em menor escala de todos os governos americanos nas últimas décadas) tenha sido a sua inabilidade (ou falta de vontade) em transformar essas revolução tecnológica em lei.

Isso se dá mais do que em parte devido ao fato que os EUA possuem uma constituição que autoriza algumas corporações a tomar decisões que só beneficiam uma minoria. Essa constituição permitiu os EUA se tornarem a potência que são, mas a partir de meados do século passado, quando começamos a entender as conseqüências desse sistema, ela passou a se tornar uma constituição questionável, e eu penso que os líderes que dela se utilizaram para favorecer a indústria do petróleo foram mais do que irresponsáveis – foram criminosos.

Há dinheiro demais na política.

Thomas Jefferson, o terceiro presidente americano, advertiu em 1808 para a necessidade de se rever a constituição a cada geração. Ou seja, os fundadores dos EUA não poderiam antever em 1776 os problemas que estamos hoje enfrentando.

Durante os anos 60 e 70 houve nos EUA uma união entre democratas e republicanos para tratar de algumas questões que são hoje urgentes. Nesse período foram redigidos a Lei Política Nacional Ambiental, A Lei do Ar Puro, a Lei da Água Limpa, o Tratado das Espécies em Extinção. Todo esse esforço foi gradualmente erodindo pelas políticas de Reagan, Bush I, e por fim nocauteadas nos últimos oito anos.

Para ilustrar - o Chefe de Estado Maior do Conselho de Qualidade Ambiental dos EUA do governo Bush, Phil Cooney, não é um cientista, mas sim um advogado que trabalhou a vida toda como lobista do Instituto Nacional do Petróleo antes de ir parar na Casa Branca.

O que então esperar de um Governo Obama?

Esperamos um governo que entenda que o sistema econômico é um subsistema, dentro de um sistema maior – a biosfera.

Que entenda que o sistema econômico é atualmente concebido para crescer e se expandir, enquanto a biosfera não cresce – tudo nela busca equilíbrio e manutenção. Isso faz com que a economia abuse da biosfera, e acabe por fazer menos favorável a vida humana.

Em suma, um governo que lidere o mundo nesse novo século deve considerar que a qualidade de vida deve sobrepor o lucro como finalidade, e deve enxergar o lucro como meio.

Um governo que lidere o mundo nesse novo século tem uma tarefa nada pequena – liderar a reinvenção do sistema industrial.

Hoje, para cada quilo do que é produzido são gerados 32 quilos de lixo.

Um governo que lidere deve se inspirar na natureza e seus sistemas sustentáveis, onde o que é lixo para um vira alimento para outro.

Os problemas que estamos enfrentando não são um problema tecnológico, um problema de excesso de CO2 na atmosfera, um problema de aquecimento global e não são um problema de lixo. Todas essas coisas são sintomas.

O problema é a nossa mentalidade. O problema é fundamentalmente cultural. Foi na raiz de nossa cultura que a doença se instalou.

Quando minha sobrinha de um ano e nove meses chegar à universidade, ela terá assistido cerca de 500 bilhões de comerciais e será capaz de identificar milhares de logotipos e marcas. Ela nasceu num mundo onde a maioria das pessoas passa o dia trabalhando para poder comprar mais e onde existe uma consciência crescente de que precisamos manter a economia global.

Antes mesmo da atual crise econômica, a economia virou o assunto principal na mídia, suplantando mesmo o esporte, salvo quando ocorrem algumas tragédias. A preocupação principal dos governos, seja na China, no Brasil ou em Israel, é dar ao povo o poder de consumo.

Uma vez que passamos a consumir símbolos mais do que produtos em si, se torna praticamente impossível reverter essa situação. Um símbolo tem um poder sutil que lida com o nosso inconsciente. Para mudar a consciência é preciso mudar o objeto de desejo para chegar à raiz do problema, a idéia da expansão ilimitada.

Essa é uma transformação cultural.

Vivemos numa sociedade que adquire conhecimento através de mídia, e não mais diretamente da Terra. Não temos mais contato direto com nossas fontes de sobrevivência e não mais aprendemos com nossas próprias experiências.

Somos como astronautas flutuando, desconectados, dependentes de informações que nos chegam de muito longe, filtradas e interpretadas por pessoas com histórias muito diferentes das nossas.

Mentalmente dormentes, não vemos a beleza do mundo, e procuramos assim por substitutos.

“Você não pode jamais ter o suficiente daquilo que você não quer de fato.”
Eric Hoffer

As pessoas precisam aceitar individualmente o custo dessa transição, e a grande maioria precisa ser conscientizada da real necessidade de mudança. Essa maioria acorda de manhã, se preocupa em ir trabalhar, levar os filhos à escola, programar as suas férias e assim se passam dias meses semanas e anos.

Essa é uma escala de pensamento muito estreita para lidar com os problemas que temos que enfrentar. Precisamos nos dar conta de como a não sustentabilidade do sistema em que vivemos afeta nossa vida cada vez mais.

Para viver de forma sustentável, não precisamos voltar a ir morar nas florestas.

Podemos, contudo nos inspirar na natureza para redefinir a forma como vamos utilizar a tecnologia que já dispomos, aliando o nosso conhecimento cientifico e tecnológico ao nosso conhecimento cultural.


Esses são os desafios de uma nova liderança global. E o que se espera de uma presidência da nação que almeja ser líder no planeta é que ela lidere essa transformação em direção a um estilo de vida sustentável, que vise o equilíbrio e não a expansão e dominação. Esperamos um governo que seja um governo global, cujas ações visem o bem de todo o planeta.

Não acredito que esse governo global vá se formar em um mandato ou dois. Mas essa é a visão daquilo que o mundo deva almejar, e pelo qual devamos lutar. Esses são os valores que devemos defender.

Compilação, redação e opinião: Drigo

Fontes:
http://11thhouraction.com/
http://www.change.gov/
Wikipedia






Deu no NYT


O grupo ativista de "trotes progressistas" Yes Men começou a distribuir ontem à noite e continuou ao longo do dia de hoje 1,5 milhão de cópias falsas do New York Times em Nova York e em Los Angeles. O jornal tem data de 4 de julho do ano que vem e traz a manchete "Acaba a Guerra do Iraque" e notícias como o Tesouro anunciando um plano de impostos sensato, o Ato Patriota sendo revogado e George W. Bush sendo julgado por cimes de guerra.
A circulação é quase a mesma do New York Times de verdade, e eles contaram com um exército de voluntários para distribuir os jornais, pessoal que pegou os pacotes ontem à noite e na manhã de hoje. A preparação toda foi feita por códigos, e os Yes Men criaram dois sites, um para a operação, BecauseWeWantIt, e outro com um time de advogados para liberar rapidamente o distribuidor que fosse preso pela polícia. Os jornais estão sendo entregues nesse momento nas entradas dos metrôs de Manhattan e em outros lugars. Às 12h locais, o pessoal deu uma coletiva explicando tudo.
Fonte: Folha

domingo, 9 de novembro de 2008

One Stroke


Albert Hammond Jr. (Los Angeles, 9 de abril de 1979) é o guitarrista do Strokes. É filho do compositor Albert Hammond, também músico. Começou tocar aos nove anos. Criado em Los Angeles, estudou no L’Institut Le Rosey onde conheceu Julian Casablancas, que anos depois o chamou para os Strokes. Foi o último a entrar para a banda, também composta por Nick Valensi (guitarra), Nikolai Fraiture (baixo) e Fabrizio Moretti (bateria). Sua guitarra é uma 85 Fender Stratocaster Japonesa, chamada Billy. Lançou um disco solo em 2006 chamado “Yours To Keep” (Rough Trade, UK), com participações de vários músicos como Sean Lennon, Ben Kweller e até o próprio Julian Casablancas, vocalista do Strokes. A banda de Albert é formada por Matt Romano na bateria e Josh Lattanzi no baixo. Esse CD é apenas um projeto paralelo do músico, ele continua fazendo parte dos Strokes.
.
Link no Lastfm:

DVD - Arctic Monkeys


O filme-concerto “Arctic Monkeys at The Apollo”, rodado durante o último show da turnê mundial da banda, foi exibido simultaneamente nos cinemas de cinco países — Inglaterra, Bélgica, Luxemburgo, Espanha e Brasil. São 76 minutos de filmagens do show de encerramento da turnê do segundo disco da banda, “Favourite Worst Nightmare”, no Manchester Apollo (Inglaterra), em 17 de dezembro passado. O filme, foi lançado mundialmente em DVD em 3 de novembro e traz 21 músicas. Direção de Richard Ayoade.

Offspring - CWB



Quarta 12 de novembro de 2008
Curitiba Master Hall
Rua Itajuba, 143, Bairro Portão
Curitiba Brasil
Tel: 41 3248 1001

Web: www.curitibamasterhall.com.br

On sale October 24 via www.diskingressos.com.br

No Rio



Segunda 10 de novembro de 2008
Circo Voador
Lapa Rio de Janeiro 20230-060Brasil Mostrar no mapa
Tel: 55 (21) 2533-0354
Web: www.circovoador.com.br
BLOC PARTYSEGUNDA, dia 10 de Novembro 2008 22h - abertura dos portões
Primeiro Lote (Ingressos limitados):R$ 60 Estudante / e-flyerou doando 1 Kg de alimento ou 1 livro
R$ 120 Inteiro (Valores sujeitos a alteração sem aviso prévio)
Classificação: 18 anos (12 a 17 anos somente acompanhado dos pais).
Notícia dada pelo blog Rio Fanzine do jornal “O Globo”

Em CWB


Para fãs

Agora é possível assistir aos episódios do South Park diretamente do www.southparkstudios.com.

Clique no link abaixo para assistir o episódio que foi ao ar dia 5/11, um dia após a eleição de Obama.


http://www.southparkstudios.com/episodes/207897/

Lingüiça tem Trema


Já reparei outro dia
Que o teu nome, ó Yvone
Na nova ortografia
Já perdeu o picilone

Noel Rosa

A aprendi a ser cauteloso com alguns conceitos e valores a nós impostos e com os quais crescemos, os tendo absorvido em nossas personalidades – sem que jamais tenhamos sequer questionado a validade, ou ao menos a real significância.

Quem estudou em colégio católico sob uma cartilha redigida pelos burocratas da ditadura militar carrega consigo mais dessas “verdades absolutas” do que gostaria de imaginar. Questionar essas verdades dá trabalho, e nos tira de nossas “zonas de conforto”, tão essenciais num mundo que parece fazer cada vez menos sentido.

Afinal, temos ou não temos a bandeira mais bonita do mundo? Nosso hino não é o mais belo? E o Português deveria ser ensinado em todo o mundo, tamanha a sua beleza.

Não cabe aqui abrir a caixa de maldades e por isso não vou questionar os nossos valores religiosos e, eu – que fui a missa hoje de manhã (juro, sem sarcasmo), não estou a fim de discutir o fardo de nossa culpa cristã.

Mas eu não sou fã de bandeiras, para mim elas simbolizam a separação de um mundo que precisa começar a pensar em termos globais. Desde que o fomos capazes de ver a terra de longe, azul, deveríamos ter abolido as bandeiras – verdes e amarelas, listradas, com seus símbolos ou sóis ou suas cores do arco íris.

Os hinos evocam em mim o mesmo desconforto, com sua capacidade de espremer lágrimas patrióticas que beiram a pieguice da novela das oito. São o hino e a Globo querendo me convencer que sou tão brasileiro quanto o caboclo nortista. Que eu tenho com ele mais em comum do que com meus amigos uruguaios ou americanos.
.
Contudo - valores patrióticos à parte - eu gosto muito falar Português, e gosto mais ainda escrever em Português. Isto dito por quem tem escolha – também adoro escrever e falar Inglês, e adoraria ter essa capacidade em outros idiomas. Há pouco tempo um amigo uruguaio me mandou seus escritos em espanhol ( castellano ) e rompeu em mim um preconceito tolo, me comovendo e me fazendo enxergar enorme beleza na língua dos nossos vizinhos.

Posso comentar os dois - o Portugês e o Inglês, contudo. Posso falar da engenhosidade e praticidade do Inglês, e de como ele nos permite a criatividade. E posso falar da sonoridade e sofisticação do Português, seja o Brasileiro ou o de Portugal.

Fora a óbvia necessidade de falar para ser entendido, portando sendo isso o que primariamente me faz decidir entre uma e outra língua - são essas características peculiares de cada uma que me fazem querer usar ambas sempre que posso. Ao escrever, e se pudesse ao tempo todo, ao conversar.

Agora vem aí uma nova reforma ortográfica, tirando o acento agudo de minhas idéias e o circunflexo de meus vôos. Deixando o Português menos interessante e, senhores lingüistas (olha o trema aqui), não mais prático e usável.

Para que tirar o trema? Será que custa tanto apertar a tecla shift?

Não me importa que escrevam em Português sem acento. Jamais consegui configurar o teclado do meu laptop e muitas vezes eu o faço. A Folha de São Paulo aboliu o trema por conta própria há dois anos para depois voltar a usá-lo. Tudo bem. Só não digam que estou errado porque vou continuar escrevendo com meus tremas e circunflexos e agudos. Porque uma ideia sem acento para mim soará insossa e sem força. E freqüência terá para mim sempre o trema e o circunflexo cuja complexidade confere graça à nossa língua.

Aqui fica, portanto o meu recado. Lingüiça tem trema, e senhores lingüistas – se estão com tempo de sobra, inventem uma nova língua e deixem o Português em paz.


Drigo
Em tempo: Sejam bem-vindos de volta o ká, o dábliu e o ypsilone. Eu nunca os tive medo de usar.
O poema de Noel Rosa consta num artigo da Bravo sobre a reforma ortográfica que inspirou essa postagem.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Jung & A Nuvem


A teoria do Big Bang nos diz que o universo começou com uma grande explosão, a partir da qual tudo se expandiu e começou a girar, recomeçando quase imediatamente, em termos cósmicos - a condensar.

Ou seja, basicamente algo quase inimaginavelmente pequeno e quente explodiu e então através de um processo de resfriamento os gases foram se organizando e se transformando em matéria, através de sistemas de hábitos. Assim temos elétrons e prótons girando ao redor de um núcleo, planetas girando em torno de um sol e em torno de si mesmos, luas e satélites girando em torno de planetas. Assim temos círculos dentro de círculos e ciclos dentro de ciclos, e eu acredito que o que parece um círculo é na verdade uma espiral.

Ao mesmo tempo aparentemente de forma paradoxal, à medida que foram se tornando mais frios e habituais os elementos foram se associando e criando graus de crescente complexidade. Átomos, moléculas, géis, células, organismos, sociedades e assim por diante.

Esse processo só foi possível por conta da criatividade, ou seja, acidentes romperam o hábito e impuseram novas associações, gerando maior complexidade.

Sem esses acidentes criativos, de tão habitual o universo “morreria”. Uma pedra é tão habitual que é morta. Ou seja, para que haja vida não basta que haja criação, há que haver criatividade.

Eu vejo que isso bate com a parte Judaico-Cristã de nossa herança cultural. Do verbo fez-se o Homem. Ou seja, dos gases fez-se a matéria e da imaginação divina vieram impulsos criativos ( Zeus atirando raios, Deus enviando o Espírito Santo ).

Eu digo em parte, porque poderíamos especular, fugindo de nossa noção platônica de um deus que contém tudo e imaginar uma natureza onde suas próprias leis evoluem, e não um mundo que evolui dentro das leis da natureza.

Na verdade, a própria idéia de “leis da natureza” pode não ser apropriada. Pode ser melhor pensarmos em termos de hábitos evolutivos da natureza.

Falamos então de um universo como um organismo em desenvolvimento e crescimento que se diferencia internamente, criando novas formas e padrões. Na Terra, este processo evolucionário dá origem a todas as formas de vida microbial, animal ou vegetal, assim como as várias formas culturais humanas.

Como ocorre esse processo? Talvez o que o explique seja a existência de uma memória reinante inerente em cada organismo. Com o passar do tempo, cada tipo de organismo forma uma forma especifica de memória coletiva cumulativa. As regularidades da natureza são, portanto habituais. As coisas são como são porque eram como eram. O universo é então um sistema evolutivo de hábitos. Até que meteoros caiam ou nos divorciamos ou somos demitidos e tudo passa a funcionar de forma bastante inusitada.

Esta hipótese também sugere que no aprendizado humano, beneficiamos do que outras pessoas previamente aprenderam através de uma memória coletiva inconsciente. Esta é uma idéia muito similar a do inconsciente coletivo de Jung.

De volta à tradição Judaico-Cristã que nos diz que Deus fez o Homem à sua Imagem e Semelhança.

A Teoria dos Sistemas nos diz que podemos entender um macro sistema a partir de um micro sistema e vice versa. Isso porque somos capazes não só de nos associarmos materialmente, mas também de produzirmos associações mentais. e conseqüentemente aprendermos por meio delas.

Ou seja, se Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, não é possível que nós criamos o que criamos à nossa imagem e semelhança? Ou seja, de certa forma almejamos ser Deus. Desta forma o universo que criamos seria criado a partir de nossa compreensão do universo. Assim sendo, o computador seria uma tentativa inconsciente do Homem em recriar o cérebro e a própria internet nesse caso redefiniria as relações humanas espelhando as relações naturais do universo.

Neste momento, onde discutimos a reinvenção do capitalismo, grandes empresas como Amazon, Google, Microsoft e Yahoo se unem em torno de um novo conceito chamado de A Nuvem. Trata-se da idéia de que à essa altura praticamente toda a informação disponível já esteja armazenada em servidores espalhados pelo planeta, e os indivíduos à essa altura já são capazes de acessar esse conteúdo a qualquer hora, em qualquer lugar, via laptops e smartphones. Basta acessar A Nuvem.

De novo, uma idéia muito similar ao inconsciente coletivo de Jung, não é verdade?

Em tempo - Nuvens não descarregam raios. Os raios são na verdade atraídos pela terra.


Por Drigo.

Fontes:

Inconsciente Coletivo

Mente do Drigo

Caos Criatividade e Consciência Cósmica

Wikipédia

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Minus the Bear

Minus the Bear é uma banda de Seattle. A banda é formada por membros e ex-membros do Botch, Kill Sadie e Sharks Keep Moving. O som é uma combinação de post-rock com elementos do jazz e da musica eletrônica.

Descrever bandas é meio chato. O link abaixo é para fazer o download de uma faixa do Cd anterior ao último – Menos El Oso - no rapidshare. Também dá para escutar o último cd – Planet of Ice – inteiro no site oficial,sem precisar fazer download ( há um player embaixo da página inicial onde se pode escolher a faixa, sugiro que comece pela primeira). Vale a pena curtir o álbum inteiro.

Para quem não sabe usar rapidshare é o seguinte. Clica no link ou cola na barra do browser, e segue as instruções para fazer o download. Como eu não sou membro só rolam dez downloads por música, portanto se você não conseguir ouve no site da banda, procura na net ou me manda um email.

Para quem já conhece a banda e tem o cd, opa, tudo bem? Meus parabéns. Abraço.

Site Oficial:
http://www.minusthebear.com/index2.html

Link no rapidshare:
http://rapidshare.com/files/161368283/01_The_Game_Needed_Me.mp3.html

Bomba Anarquista ou Instrumento de Controle?

Somos ferramentas de nossas ferramentas, postula Neil Postman em Technopoly (wikipedia). Segundo ele, novas ferramentas alteram nossa maneira de pensar de forma a conferir  a uma cultura sua noção sobre o que é razoável, o que é necessário e o que é real.

 Se tomarmos as teorias de Postman por verdade, nada as ilustraria melhor do que o Ipod, que deste ponto de vista vem escravizando milhões, criando uma necessidade crescente por mais memória, mais usos, mais tamanhos, mais cores e mais tempo dedicado a seu uso.

Fica, contudo, difícil argumentar, quando estamos presos no trânsito, no ônibus, num avião ou caminhando pela cidade, que o Ipod altera nossa realidade para melhor.

Há oito anos viemos nos familiarizando com a imagem de indivíduos conectados aos seus fones de ouvido para onde convergem veias conduzindo impulso eletrônico, encapsulando a consciência individual em sua própria paisagem. Para alguns essa visão é um desconfortante sinal de que o mundo está se tornando cada vez mais despersonalizado e desumano. Outros pensam que a privacidade de nossas consciências é agora um privilégio que beira a necessidade.

Não há como negar que desde sua inserção no começo deste século, e sua quase universal adoção pelos amantes da música, o objeto de arte em forma de tocador de mp3 fez mais do que alegrar nossas horas solitárias em aviões, trens e automóveis. Ele remodelou nossa relação com o tempo e o espaço. A razão é um fenômeno filósofos vem chamando de Podcrastinação – a suspensão voluntária de nosso engajamento com a realidade, numa versão mais sofisticada daquilo que dizem que o capitalismo nos é capaz de induzir, um estado de quase delírio

É confortante imaginar que o Ipod e a podcratinação são capazes de modificar  tanto nossa noção de espaço interno quanto do mundo material que nos rodeia. Contudo temos que ao menos considerar o fato que, no caso do Ipod, a consciência, embora individual e privada, vem sendo adquirida através da indústria da consciência, ou seja, a noção de que a mídia corporativa vem sendo administrada agora de forma muito mais sofisticada e sutil, e, portanto, mais eficientemente controladora.

Talvez o Ipod nos permita não viver fora do capitalismo, mas dentro dele

Como diz Gina Arnolds, em "Podcrastination" ( Ipod and Philosophy ):

" Eu arriscaria dizer que não é o aparelho em si que vem servindo o propósito capitalista, mas sim sua capacidade de nos disponibilizar mídia corporativa gravada onde e quando a desejarmos."

Contudo um podcast não é meramente mais um meio de entrega de conteúdo corporativo. 

O podcast é na verdade o aspecto do tocador de mp3 que o separa do walkman ou do rádio portátil que os antecederam. Aqueles aparelhos também nos permitiam abstração  do barulho infernal do cotidiano, mas apenas o podcast é capaz de nos livrar da teia do continuum de tempo e espaço.

Um podcast é algo, em áudio ou vídeo, que aparece automaticamente no seu disco rígido, tanto quanto o rádio e a televisão apareciam automaticamente em seus respectivos aparelhos condutores. Mas diferente destas mídias, que distribuem somente conteúdo corporativo, os podcasts podem ser gravações feitas individualmente, uma espécie de equivalente às fitas cassete que gravávamos para dar de presente, só que muito mais facilmente distribuídas. O podcast nos permite transmitir conteúdo que nós mesmos criamos através da internet. Tudo o que precisamos fazer para acessá-lo é pesquisar e fazer o download de acordo com nossos interesses particulares.

Além disso, é algo que constantemente se renova, sendo atualizado cada vez que plugamos o nosso aparelho de mp3 em nosso PC. Um podcast pode ser uma gravação feita por um amigo no exterior, um set de músicas para ser compartilhado, um especial de uma estação de rádio, um jornal anarquista ou a versão pocket do seu telejornal ou programa de TV preferido. Pode ser enviado diretamente a um indivíduo ou por meio de um servidor para o oceano de olhos e ouvidos que se conectam ao mundo virtual.

Colocando de uma forma simples,  podcast é o oposto de broadcast.

Para alguns isto representa uma tecnologia sem precedentes, que garante ao indivíduo mais poder e emancipação. Para estes o Ipod é quase uma bomba anarquista. Para outros, se trata de uma forma mais sutil do propósito capitalista em controlar nossos desejos e  criar necessidades artificiais. 

Embora o Ipod não tenha se popularizado e conseqüentemente impactado o Brasil da mesma forma que o fez na América do Norte, Europa e Ásia, ele é o aparelho de uma geração. Enquanto o celular se impôs como um meio essencial de comunicação nos anos 90, o Ipod se impôs como um meio essencial de transmissão e entrega de conteúdo nos últimos anos.

O Iphone e outros smartphones agora unem as duas tecnologias, proporcionando  um grau de interatividade jamais concebido, e com implicações em nossa percepção e interação com a realidade que só o tempo nos permitirá avaliar com profundidade.  

Fontes:

Pop Philosophy Podcast

Wikipedia

Prodcastination – Ipod and Philosophy - Gina Arnolds 

 

Tradução, Compilação e Contribuição – Drigo 

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Momentum

Eu me lembro de comentar com meu pai, há oito anos, quando Al Gore venceu e Bush roubou as eleições, de como estaríamos entrando numa era obscura, com a perspectiva de um representante da direita cristã radical republicana assumindo o mais alto cargo político do nosso planeta. 

Infelizmente meu comentário se provou coerente. Contudo, indiferente ao rumo que os EUA estavam tomando eu embarquei em seguida para a Califórnia, onde vivi seis dos oito anos da era Bush.

Dizer que o mundo é o lugar pior hoje seria um comentário limitado e tendencioso, moldado pela minha experiência pessoal do “mundo” nesses últimos oito anos, e baseado em meus valores pessoais.

Politicamente vivemos a decadência da democracia no mundo. No centro do poder e pai dos valores democráticos - os Estados Unidos da América - assistimos o patético espetáculo do desmoronamento destes valores, quando num momento crucial para a consolidação dos mesmos, George Bush, se aproveitando da quase completa ignorância de sua população em relação ao que ocorre no planeta (ou mesmo do fato de que há um “resto” do planeta), vem ameaçando não só as liberdades civis de seu povo, mas a estabilidade do mundo inteiro com sua unilateral busca por “segurança”.

Sob a desculpa da “Guerra Contra o Terror” Bush afogou berros por comida, educação, moradia e saúde numa postura de poder machista-militar, recriando uma corrida nuclear que rouba comida da boca dos famintos de forma nada diferente do que o faz um ladrão, matando mesmo nos momentos em que bombas não estão caindo.

Enquanto a arrogância americana os roubou a simpatia global em face aos seus ataques brutais – e sem dúvida gera mais terrorismo – perdeu-se a noção das verdadeiras ameaças ao planeta – os recursos naturais sendo consumidos loucamente, numa corrida consumista por bens e combustíveis fósseis.

Por 225 anos desde que George Washington eloqüente e publicamente se opôs a prática de tortura, os EUA mantiveram parâmetros de direitos humanos que protegiam mesmo os seus piores inimigos. Mas “justificado” pela guerra contra o terror, o 43º presidente dos EUA subverteu a constituição e aboliu o direito de habeas corpus a prisioneiros de guerra, autorizou escutas telefônicas feitas à população civil, e apoiou a prática de tortura por simulação de afogamento, rompendo assim com mais um dos muitos tratados e acordos que os EUA ignoraram nestes anos negros, a Convenção de Geneva.

Bush pode entrar para a história como o pior presidente dos EUA, como a pessoa responsável por afundar o mundo na maior crise econômica desde a Grande Depressão, como o presidente que afirmou ser “enviado” por Deus, como o Grande Mentiroso que enganou uma nação a fim de engajá-la numa guerra por interesses pessoais, mas talvez ele acabe ficando conhecido como o Presidente Torturador.

Do ponto de vista pessoal não acho que os últimos oito anos foram necessariamente uma era negra. Tive perdas e ganhos. Vivi experiências intensas num EUA mergulhado num delírio que dizem só as drogas e o capitalismo são capazes de induzir. Perdi um avô, mas ganhei o maior presente de minha vida, uma sobrinha. Nos últimos anos andei a pé comendo o chão da América e aprendi que não se propõe um plano b brincando, mas nos últimos anos inventaram o Ipod e os podcasts com seu potencial revolucionário em contraste ao poder corporativo do broadcasting.     

Provavelmente entraremos hoje num novo momento. O pêndulo da história parece mudar de novo a direção. Não se trata das ações que Obama eventualmente tomará, mas muito mais de seu significado.

O mundo é naturalmente interconectado, e a interdependência humana é cada vez mais óbvia. Neste cenário a eleição de um presidente americano importa a todos- não importa quais os rumos que os EUA irão tomar nos próximos anos, eles afetarão a todos, não tanto no espectro da economia quanto no caráter filosófico que a redefinição do capitalismo vai tomar, exigindo criatividade e ética que contraponham a o conservadorismo e a política do medo, o terrorismo reverso que a Era Bush promoveu.

Obama vai errar. Ele é um homem apesar de todo seu simbolismo e significância. Mas o que importa nesse momento é exatamente isso. O que ele simboliza e o que sua eventual vitória nessa noite significará. 

A quem vem acompanhando o processo eleitoral desde o começo, Obama parece mais tenso e reservado nos últimos dias, apesar das pesquisas o favorecerem. McCain parece mais solto e despreocupado, talvez por saber certa a vitória do adversário.  A morte da avó pode ter contribuído para esse aspecto sisudo do candidato democrata. Mas eu acho que se trata de mais.

Logo após uma vitória arrasadora em 1932, nas profundezas da Grande Depressão, Roosevelt teve uma conversa íntima com seu filho Jim.

- Eu sempre tive muito medo de apenas uma coisa, filho – disse Roosevelt. Sempre tive medo do fogo, mas agora pela primeira vez meu medo é outro. Eu tenho medo de não ter forças para dar conta desse trabalho. Após falar com você hoje eu vou rezar para que Deus me dê forças para fazer a coisa certa. Eu espero que você reze por mim também, Jimmy.

 

Por: Drigo

Referências: Adbusters, The New Yorker, The New York Times.