sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Jung & A Nuvem


A teoria do Big Bang nos diz que o universo começou com uma grande explosão, a partir da qual tudo se expandiu e começou a girar, recomeçando quase imediatamente, em termos cósmicos - a condensar.

Ou seja, basicamente algo quase inimaginavelmente pequeno e quente explodiu e então através de um processo de resfriamento os gases foram se organizando e se transformando em matéria, através de sistemas de hábitos. Assim temos elétrons e prótons girando ao redor de um núcleo, planetas girando em torno de um sol e em torno de si mesmos, luas e satélites girando em torno de planetas. Assim temos círculos dentro de círculos e ciclos dentro de ciclos, e eu acredito que o que parece um círculo é na verdade uma espiral.

Ao mesmo tempo aparentemente de forma paradoxal, à medida que foram se tornando mais frios e habituais os elementos foram se associando e criando graus de crescente complexidade. Átomos, moléculas, géis, células, organismos, sociedades e assim por diante.

Esse processo só foi possível por conta da criatividade, ou seja, acidentes romperam o hábito e impuseram novas associações, gerando maior complexidade.

Sem esses acidentes criativos, de tão habitual o universo “morreria”. Uma pedra é tão habitual que é morta. Ou seja, para que haja vida não basta que haja criação, há que haver criatividade.

Eu vejo que isso bate com a parte Judaico-Cristã de nossa herança cultural. Do verbo fez-se o Homem. Ou seja, dos gases fez-se a matéria e da imaginação divina vieram impulsos criativos ( Zeus atirando raios, Deus enviando o Espírito Santo ).

Eu digo em parte, porque poderíamos especular, fugindo de nossa noção platônica de um deus que contém tudo e imaginar uma natureza onde suas próprias leis evoluem, e não um mundo que evolui dentro das leis da natureza.

Na verdade, a própria idéia de “leis da natureza” pode não ser apropriada. Pode ser melhor pensarmos em termos de hábitos evolutivos da natureza.

Falamos então de um universo como um organismo em desenvolvimento e crescimento que se diferencia internamente, criando novas formas e padrões. Na Terra, este processo evolucionário dá origem a todas as formas de vida microbial, animal ou vegetal, assim como as várias formas culturais humanas.

Como ocorre esse processo? Talvez o que o explique seja a existência de uma memória reinante inerente em cada organismo. Com o passar do tempo, cada tipo de organismo forma uma forma especifica de memória coletiva cumulativa. As regularidades da natureza são, portanto habituais. As coisas são como são porque eram como eram. O universo é então um sistema evolutivo de hábitos. Até que meteoros caiam ou nos divorciamos ou somos demitidos e tudo passa a funcionar de forma bastante inusitada.

Esta hipótese também sugere que no aprendizado humano, beneficiamos do que outras pessoas previamente aprenderam através de uma memória coletiva inconsciente. Esta é uma idéia muito similar a do inconsciente coletivo de Jung.

De volta à tradição Judaico-Cristã que nos diz que Deus fez o Homem à sua Imagem e Semelhança.

A Teoria dos Sistemas nos diz que podemos entender um macro sistema a partir de um micro sistema e vice versa. Isso porque somos capazes não só de nos associarmos materialmente, mas também de produzirmos associações mentais. e conseqüentemente aprendermos por meio delas.

Ou seja, se Deus fez o homem a sua imagem e semelhança, não é possível que nós criamos o que criamos à nossa imagem e semelhança? Ou seja, de certa forma almejamos ser Deus. Desta forma o universo que criamos seria criado a partir de nossa compreensão do universo. Assim sendo, o computador seria uma tentativa inconsciente do Homem em recriar o cérebro e a própria internet nesse caso redefiniria as relações humanas espelhando as relações naturais do universo.

Neste momento, onde discutimos a reinvenção do capitalismo, grandes empresas como Amazon, Google, Microsoft e Yahoo se unem em torno de um novo conceito chamado de A Nuvem. Trata-se da idéia de que à essa altura praticamente toda a informação disponível já esteja armazenada em servidores espalhados pelo planeta, e os indivíduos à essa altura já são capazes de acessar esse conteúdo a qualquer hora, em qualquer lugar, via laptops e smartphones. Basta acessar A Nuvem.

De novo, uma idéia muito similar ao inconsciente coletivo de Jung, não é verdade?

Em tempo - Nuvens não descarregam raios. Os raios são na verdade atraídos pela terra.


Por Drigo.

Fontes:

Inconsciente Coletivo

Mente do Drigo

Caos Criatividade e Consciência Cósmica

Wikipédia

Um comentário:

notabosta disse...

Sempre me supreedendo com tua visão apurada carregada de verdades não vislumbradas!

Muito bom!